O presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan não mediu palavras ao abordar as questões militares que assolam o Oriente Médio e a OTAN ao ser pressionado por repórteres nesta sexta (8).
Para Erdogan, a vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas pode significar a adoção de uma solução concreta para o conflito em curso entre Rússia e Ucrânia caso o presidente opte por uma posição "resolutiva" ao invés de violenta.
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Em comentários feitos para repórteres ao retornar de uma visita ao Quirguistão e à Hungria, o presidente disse que a guerra poderia acabar com alguma facilidade "se Trump tivesse uma abordagem baseada em soluções práticas".
"Se virmos uma administração de Trump que aborde a questão a partir de uma perspectiva baseada em soluções", disse Erdogan, "mais diálogo, diplomacia e acordo abrirão a porta para a paz, não armas, bombas e conflito".
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Isso poderia ser feito com uma cooperação estratégica entre Ancara e a União Europeia, a que o presidente se dispõe. "Somos um país que conseguiu trazer ambas as partes à mesa. Já fizemos isso muitas vezes, e podemos fazer novamente", afirmou o chefe de Estado, referindo-se à mesa de negociações de guerra realizada em Istambul, em 2022, entre as delegações russa e ucraniana.
Em março de 2022, Moscou e Kiev se uniram para uma série de conversas em Istambul, na Turquia, para tentar negociar termos para o fim do conflito.
À época, Putin agradeceu a Erdogan por sua participação como mediador na ocasião, e disse que os acordos negociados durante a conversa não foram rejeitados e poderiam servir de base para negociações futuras.
A Turquia e a Rússia mantêm relações próximas, mas Erdogan tem sido cauteloso ao se posicionar, e prefere adotar uma natureza “conciliadora” diante do conflito — ao mesmo tempo em que Ancara se opôs ao pacote de sanções políticas e econômicas empregadas pelos EUA contra a Rússia, também tem defendido a integridade territorial da Ucrânia e oferecido apoio militar ao país.
Agora, a Turquia demonstra, novamente, a ambição de ocupar uma posição mediadora na OTAN. O presidente também fez apelos contundentes quanto à situação do Oriente Médio: ele defendeu que, para promover o fim do ataque israelense na Palestina e no Líbano, a administração de Trump deve cortar o fornecimento de armas a Israel.
"O Sr. Trump", disse ele, "prometeu acabar com esses conflitos iniciados por Israel". A Turquia "gostaria de ver essa promessa cumprida, e gostaria que Israel fosse instruído a parar".
Ele ainda afirmou que espera, para o segundo mandato do presidente norte-americano, um período de paz e tranquilidade duradouras na região, desde que o paradigma da administração de Biden seja substituído pelas "soluções concretas".
Caso contrário, o presidente aponta para um possível cenário de "insolvência" e manutenção dos conflitos.