ORIENTE MÉDIO

Turquia dará apoio e pede à ONU uso da força para barrar Israel: "não deixaremos nossos irmãos libaneses"

Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan pediu na ONU uso de resolução que prevê Forças Armadas para barrar avanço de sionistas em Gaza e no sul do Líbano.

Prédios bombardeados por Israel em Beirute, no Líbano.Créditos: UNICEF/Dar al Mussawir/Ramzi Haidar
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O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que havia pedido na ONU o uso da força para barrar ação de Israel na Faixa de Gaza e no Líbano nesta segunda-feira (30), fez novo pronunciamento nesta terça-feira (1º) em que afirmou que apoiará "com todos os nossos meios" uma ação contra o exército sionista de Benjamin Netanyahu.

“Nós nunca deixaremos nossos irmãos libaneses sozinhos nestes dias difíceis, e os apoiaremos com todos os nossos meios”, disse Erdogan em um discurso ao parlamento na terça-feira.

Na segunda-feira, Erdogan pediu à ONU que aprovasse o uso da força para parar a guerra de Israel em Gaza, e acusou um “punhado de extremistas sionistas radicais” de incendiar a “região e o mundo inteiro”.

""Hoje, defender a Palestina e o Líbano significa defender a humanidade, a paz e a cultura de coexistência entre diferentes religiões", declarou.  "Um punhado de sionistas radicais, cegos pelo sangue e pelo ódio, está incendiando a região e o mundo inteiro. Jamais toleraremos essa crueldade e barbárie", emendou.

Erdogan pediu para a ONU implementar imediatamente a resolução União pela Paz de 1950.

A resolução prevê que as Nações Unidas podem emitir recomendações aos países membros para que tomem medidas coletivas, incluindo o uso de forças armadas, para intervir em um conflito militar, caso o Conselho de Segurança não possa agir devido à falta de unanimidade entre seus membros permanentes.

Bombardeios

Nesta terça, o Exército de Israel determinou a evacuação de 20 cidades no sul do Líbano. Caso os moradores ficassem nos locais até o meio dia, seriam alvos de bombardeios.

"Qualquer um que esteja perto de membros, instalações e equipamentos de combate do Hezbollah está colocando sua vida em perigo”, afirmou no Instagram o porta-voz do Exército sionista, Avichay Adraee.

Desde 23 de setembro, quando Israel abriu uma frente de ataque ao Líbano, mais de 1 mil pessoas morreram e 6 mil ficaram feridas.

O governo libanês calcula que 1 milhão de pessoas deixaram suas casas. "Cerca de um milhão de nossa população foi deslocada devido à guerra devastadora que Israel está travando no Líbano", e "fazemos um apelo urgente por mais ajuda para os civis deslocados", disse o primeiro-ministro libanês Najib Mikat.

Brasileiros

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou, na noite desta segunda-feira (30), a realização de uma operação de resgate de brasileiros que vivem no Líbano, país do Oriente Médio que está sob intenso ataque de Israel. A decisão do mandatário vem poucas horas após tropas israelenses invadirem o Sul do Líbano por terra, em uma investida que conta ainda com lançamentos aéreos de bombas e mísseis, inclusive contra a capital Beirute. 

Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty), cerca de 21 mil brasileiros vivem atualmente no Líbano, sendo que 2 deles – uma adolescente de 16 anos e um de 15  – foram assassinados em ataques israelenses na última semana. 

A operação de resgate será realizada pela Força Aérea Brasileira (FAB), provavelmente através do aeroporto de Beirute, que permanece aberto. Uma explosão israelense registrada nas últimas horas próximo ao aeroporto, entretanto, pode obrigar o governo brasileiro a traçar uma rota alternativa. Várias possibilidades estão sendo estudadas. 

"O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, determinou a realização de voo de repatriação de brasileiros no Líbano. A operação, coordenada pelo Itamaraty e pelo Ministério da Defesa, terá a data anunciada nos próximos dias, após análise das condições de segurança para o voo. O planejamento inicial da Força Aérea Brasileira prevê a decolagem do aeroporto de Beirute, que se encontra aberto. A Embaixada no Líbano está tomando as providências necessárias para viabilizar a operação, em contato permanente com a comunidade brasileira e em estreita coordenação com as autoridades locais", diz comunicado oficial divulgado pelo Palácio do Planalto. 

Em novembro de 2023, o governo Lula realizou com sucesso operações de resgate de brasileiros que se encontravam em Gaza, território palestino que está sendo massacrado por Israel e onde o Estado judeu vem promovendo vem promovendo uma matança de civis desde 7 de outubro de 2023, quando o grupo islâmico-palestino Hamas atacou territórios israelenses, matou e sequestrou civis do país vizinho. 

Lula condena ataques de Israel ao Líbano 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de determinar o resgate de brasileiros no Líbano, condenou os ataques que Israel vem deflagrando no país. A declaração do mandatário foi feita na noite desta segunda-feira (30) no México, onde participará da cerimônia de posse da nova presidente mexicana Claudia Sheinbaum. 

"Condeno o que Israel está fazendo no Líbano agora, atacando e matando pessoas inocentes. Porque só aparecem nos jornais os líderes que eles querem matar, mas as pessoas inocentes que morrem não aparecem", declarou Lula. 

"É por isso que eu sou contra a chacina na Faixa de Gaza. Porque já morreram mais de 41 mil mulheres e crianças. E depois você vai ter que reconstruir o que levou séculos para ser construído", afirmou ainda o presidente. 

Segundo Lula, Israel está promovendo uma "matança desnecessária" no Líbano. O governo do Estado judeu, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, afirma que vem fazendo "ataques precisos e limitados" contra alvos do Hezbollah no Líbano representariam "uma ameaça imediata ao território israelense". 

"A guerra é a a prova da incapacidade civilizatória de um cidadão, que acha que ele pode, na explicação de que tem que se vingar de um ataque, fazer matança desnecessária com pessoas que não têm nem como se defender", pontuou o mandatário brasileiro. 

Israel inicia incursão terrestre no Líbano 
Na madrugada desta terça-feira (1°), tropas israelenses invadiram o Líbano em uma operação terrestre que começou por volta das 3h no horário local. Unidades de infantaria das Forças de Defesa de Israel (IDF) cruzaram a fronteira, em uma ação que viola leis internacionais.

Segundo a agência Reuters, os bombardeios israelenses atingiram áreas no sul do Líbano e nos subúrbios de Beirute, onde explosões foram vistas próximas a infraestrutura do Hezbollah. A ofensiva ocorre em meio a uma escalada de tensão, dias após a morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um ataque aéreo israelense, que desencadeou uma série de retaliações na fronteira.

O Hezbollah respondeu ao ataque disparando foguetes contra o território israelense, mas muitos foram interceptados pelos sistemas de defesa aérea de Israel. Já as forças israelenses lançaram uma série de ataques aéreos e terrestres contra posições do Hezbollah. O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou que "a próxima fase da guerra será decisiva", e que todas as forças disponíveis serão mobilizadas, tanto em terra quanto no ar.

Segundo fontes de segurança libanesas, o exército do Líbano recuou cerca de cinco quilômetros da fronteira, evitando um confronto direto com as forças israelenses, como já é tradição em conflitos anteriores. A retirada indica que o Líbano busca evitar uma escalada ainda maior do conflito, já que seu exército historicamente tem se mantido afastado de confrontos diretos com Israel.

Até o momento, os bombardeios israelenses mataram pelo menos 95 pessoas e feriram outras 172 nas regiões ao sul do Líbano, no vale do Bekaa e em Beirute, de acordo com o Ministério da Saúde libanês. As forças de resgate continuam retirando vítimas dos escombros em meio à destruição causada pelos ataques aéreos.

O Hezbollah, que prometeu resistir a qualquer incursão terrestre, afirmou estar "preparado para um longo confronto", O assassinato de Hassan Nasrallah, líder da organização, foi um dos maiores golpes sofridos pelo grupo em décadas. 

Há, ainda, relatos de que um ataque aéreo israelense matou 3 civis em Damasco, capital da Síria. 

Contexto 

Os recentes ataques de Israel ao Líbano, que têm como alvos integrantes do Hezbollah, estão diretamente relacionados ao apoio contínuo do grupo libanês à causa palestina, especialmente em meio ao massacre de palestinos que as forças israelenses promovem em Gaza.

O Hezbollah, apoiado pelo Irã, tem uma longa história de antagonismo contra Israel, fornecendo apoio militar e logístico a grupos palestinas, incluindo o Hamas, que lidera a resistência armada contra a ocupação israelense.

Com o aumento das tensões em Gaza, onde milhares de civis palestinos têm sido assassinados e deslocados pelos bombardeios israelenses, o Hezbollah intensificou suas ações na fronteira norte de Israel como parte de uma estratégia de solidariedade com os palestinos, tornando-se um alvo prioritário para as operações militares de Israel. A incursão terrestre em território libanês é vista como uma tentativa de Israel de enfraquecer o Hezbollah e limitar seu impacto no conflito mais amplo na região.