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Trump teve votos nas comunidades em que pretende deportar

Machos latinos deram grande votação ao republicano

Deu certo.O investimento de Trump no macho man Hulk Hogan deu certo.Créditos: Reprodução NBC News
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Donald Trump conseguiu uma votação muito acima do que se esperava entre os eleitores originários do México, da América Central e da América do Sul.

Os latinos ou hispânicos sempre fizeram parte da coalizão que empurrou os democratas à Casa Branca, especialmente por conta da militância histórica de líderes como o mexicano-estadunidense Cesar Chavez, que liderou a United Farm Workers of America, a poderosa central sindical de camponeses.

Desta vez, no entanto, Trump conseguiu 45% dos votos dos homens latinos e 16% dos homens negros, números bem acima dos que conquistou em suas campanhas de 2016 e 2020.

Dentre as mulheres negras, o republicano teve apenas 8%. 

Macho man

Isso se deve à campanha de testosterona de Trump, que se associou a rappers e jogadores de futebol negros em eventos de campanha.

Os rappers trataram o republicano como um "brother", tão perseguido pela Justiça quanto os próprios negros de fato o são.

Também elogiaram os gordos cheques de ajuda que o governo dos EUA enviou durante a pandemia de Covid 19.

Embora o dinheiro tenha sido aprovado pelo Congresso, Trump fez questão de assinar nominalmente os cheques, depois de insistir para que o valor fosse elevado a U$ 2 mil.

Quanto aos latinos, Trump se associou a lideranças religiosas evangélicas e católicas e prometeu defender os empregos da comunidade, afirmando que estavam ameaçados pela chegada descontrolada de ilegais.

A vitória de Trump entre os cubanos já era esperada (são 2,6 milhões cubano-americanos, especialmente na Flórida), uma vez que ainda hoje ele promete derrubar o governo de Cuba.

Trump venceu entre eles por 58% a 40%.

Surpreenderam, no entanto, os números de Trump entre mexicano-estadunidenses (33%) e eleitores originários de Porto Rico (37%).

São 38,5 milhões de descendentes de mexicanos aptos a votar nos EUA, com forte influência em todos os estados fronteiriços.

Há ainda 8,1 milhões de eleitores ligados a Cuba e Porto Rico.

Piada fez pouco efeito

Dez dias antes do pleito, num comício de Trump em Nova York, um comediante fez uma piada sugerindo que Porto Rico era "uma ilha de lixo" no meio do oceano.

Os democratas tentaram explorar o episódio, mas parece não ter dado resultado. Apesar de grande comunidade originária de Porto Rico na Pensilvânia, Trump triunfou no estado.

As políticas de Trump, se de fato adotadas, devem impactar fortemente a vida de milhões de imigrantes ilegais.

Hoje, eles vivem e muitas vezes trabalham para empresas de imigrantes legais, nas mesmas comunidades.

Deportação em massa vai mexer com a vida de todos.

Isso, porém, manteve o apelo relativo de Trump entre os aptos a votar: ele obteve 41% dos votos de eleitores originários da América do Sul e 35% da América Central.

Eleitores ilegais não podem votar nos EUA.

Em parte, o "racha" observado nos números tem relação com a existência de comunidades de imigrantes mais antigas, que buscam integração total adotando o patriotismo que embala o movimento político de Trump.

Há uma racha econômico entre estes imigrantes de classe média e os recém-chegados.

Ainda assim, o recorte de gênero é espantoso: 59% das mulheres latinas votaram em Kamala Harris.

A Fórum entrevistou uma imigrante ilegal brasileira que, apesar do risco de deportação, disse que votaria em Trump se tivesse o direito, por admitir que há uma grande onda de imigração na fronteira.