A vitória de Donald Trump para a presidência dos EUA tem um impacto profundo em várias esferas da vida dos povos daquele país e de outros, inclusive o Brasil e, em particular, entre a comunidade de ufólogos, pessoas que se dedicam a pesquisar fenômenos alienígenas.
Durante o primeiro governo Trump, a questão da ufologia nos Estados Unidos ganhou uma visibilidade inédita. Embora o republicano não tenha tratado o tema de forma detalhada ou adotado uma postura específica sobre extraterrestres, sua administração foi marcada por decisões que impulsionaram a transparência sobre o tema de OVNIs.
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Em 2020, o Pentágono lançou oficialmente o Unidentified Aerial Phenomena Task Force (UAPTF), com o objetivo de investigar avistamentos e fenômenos relatados por militares e entender possíveis ameaças à segurança nacional.
Esse movimento ocorreu em meio a uma pressão crescente de membros do Congresso dos EUA e de órgãos de inteligência que, em um contexto de tensões internacionais, passaram a ver os OVNIs como uma questão potencial de segurança.
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Além disso, em dezembro de 2020, como parte de uma grande lei de alívio econômico e financiamento governamental, foi incluído um prazo de 180 dias para que agências de inteligência dos EUA entregassem um relatório público sobre o que sabem sobre os OVNIs.
Esse relatório, publicado em junho de 2021 após o fim do mandato de Trump, trouxe uma abordagem inédita e séria sobre os "Fenômenos Aéreos Não Identificados", destacando a necessidade de se entender melhor os avistamentos inexplicáveis.
A postura do governo Trump, embora não fosse particularmente detalhada ou orientada a fornecer respostas sobre vida extraterrestre, contribuiu para uma nova fase de abertura e curiosidade oficial sobre o tema.
Esse movimento estimulou uma nova era de investigações governamentais e aumentou a expectativa pública por mais transparência e respostas sobre a origem e a natureza dos OVNIs.
Investigação Alienígena
Entre os frutos dessa euforia está a nova série documental da Netflix "Investigação Alienígena". Lançada no dia 8 de novembro, dias após a vitória de Trump, a produção é apresentada pelo jornalista George Knapp e explora evidências e relatos sobre a presença de OVNIs na Terra.
Knapp é um veterano jornalista investigativo estadunidense que dedica sua carreira à cobertura de fenômenos ufológicos. Conhecido por suas reportagens sobre a Área 51 e o caso Bob Lazar, Knapp recebeu diversos prêmios por seu trabalho, incluindo o prestigioso Peabody Award.
Caso Bob Lazar
O caso Bob Lazar é um dos mais debatidos na ufologia. Em 1989, o físico estadunidense Robert Scott Lazar declarou ter trabalhado em um programa secreto da Força Aérea dos Estados Unidos, em uma instalação chamada S-4, próxima à famosa Área 51, em Nevada.
Segundo Lazar, ele teria participado de projetos de engenharia reversa em naves extraterrestres mantidas sob sigilo pelo governo dos EUA.
Embora suas afirmações nunca tenham sido comprovadas, elas ganharam enorme popularidade, alimentando documentários, livros e programas de TV e servindo de base para teorias sobre a suposta ocultação de informações sobre vida alienígena por autoridades governamentais.
Caso brasileiro
A série apresentada por Knapp aborda diversos incidentes ufológicos, incluindo o famoso caso de Colares, ocorrido no Brasil na década de 1970.
Na época, a ilha de Colares, no Pará, foi palco de avistamentos de luzes misteriosas e relatos de ataques a moradores, fenômeno que ficou conhecido como "Chupa-chupa".
As investigações oficiais foram conduzidas pela Operação Prato, liderada pela Força Aérea Brasileira (FAB), que coletou diversos documentos e registros fotográficos sobre os eventos.
Quatro décadas depois, o caso segue cheio de mistérios e sendo investigado pela comunidade de ufólogos brasileira.
O ufólogo brasileiro Thiago Luiz Ticchetti aparece na série fazendo as vezes de tradutor e de especialista. Ele tem quase 30 anos de experiência na pesquisa e divulgação de casos envolvendo Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs).
Ex-presidente da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) e atualmente Diretor Nacional da Mutual UFO Network (MUFON) no Brasil, ele também atua como editor da Revista UFO e escreve para a UFO Truth, do Reino Unido.
Ticchetti é autor de 15 livros, incluindo "Quedas de UFOs" e "Guia da Tipologia Extraterrestre".
Além de "Investigação Alienígena", o pesquisador participou de documentários em canais como History Channel e Discovery e já entrevistou referências internacionais na área, como Jacques Vallée e Stanton Friedman.
Tempestade perfeita
Sobre a volta de Trump para revelar os mistérios dos ETs, Ticchetti escreveu um artigo na Revista UFO, da qual é editor, em que comenta que a comunidade ufológica enxerga no republicano uma chance para a divulgação de informações sobre a existência de vida extraterrestre.
Segundo Ticchetti, o segundo mandato de Trump, sem a preocupação com reeleição, cria um "cenário perfeito" para uma abertura oficial sobre o tema. Ele lembra, no entanto, que promessas de transparência ufológica já foram feitas por outros líderes, incluindo o próprio Trump em seu primeiro mandato, sem resultados concretos.
Invasão alienígena
A crença em vida extraterrestre e visitas alienígenas têm ganhado destaque nos Estados Unidos nos últimos anos. De acordo com uma pesquisa da Gallup realizada em 2019, 68% dos estadunidenses acreditam que "o governo dos Estados Unidos sabe mais sobre óvnis do que está dizendo".
Outra pesquisa feita pelo instituto em 2022 revelou que 34% dos estadunidenses consideram que avistamentos de óvnis são evidências prováveis de vida extraterrestre, um aumento significativo em relação aos 20% registrados em 1996.
Esses dados mostram uma crescente curiosidade e especulação sobre a existência de vida fora da Terra e possíveis visitas ao nosso planeta.
No entanto, é importante notar que, até o momento, não há evidências científicas concretas que comprovem a ocorrência de uma invasão alienígena ou a presença de extraterrestres na Terra.
Para a existência ou não de disco voadores e extraterrestres entre nós, vale a expressão popular em espanhol “Yo no creo en las brujas, pero que las hay, las hay." ("Eu não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem).
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