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Milei demite chanceler após voto da Argentina contra bloqueio a Cuba na ONU

Presidente argentino ficou furioso com Diana Mondino por ter posicionado o país ao lado de "comunistas" e se distanciar de Washington

Créditos: Reprodução X - Javier Milei demite Diana Mondino por voto em favor do fim do bloqueio à Cuba na ONU
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O presidente da Argentina, Javier Milei, demitiu a chanceler Diana Mondino após o voto dela contra o bloqueio a Cuba nas Nações Unidas.

A saída de Mondino, que ocupava o cargo de ministra de Relações Exteriores, Comércio Internacional e Culto, foi confirmada por fontes próximas ao presidente ao jornal progressista argentino Página/12. O embaixador argentino em Washington, Gerardo Werthein, é cotado para assumir o posto.

A demissão veio após a votação na ONU, na qual a Argentina se posicionou entre os 187 países que rejeitaram o bloqueio à ilha caribenha, apoiada historicamente pela diplomacia argentina.

A resolução foi discutida pela 32ª vez na ONU e finalmente aprovada nesta quarta-feira (30) com voto favorável do Brasil. Apenas Estados Unidos e Israel votaram contra a medida.

Crise na Casa Rosada

O jornal La Nación destacou que o voto favorável da Argentina contra o embargo dos Estados Unidos a Cuba gerou uma crise no governo de Milei. Segundo a publicação, o presidente ficou furioso com a chanceler, uma vez que a decisão posicionou o país ao lado de "comunistas", distanciando-se de seu principal aliado, os Estados Unidos.

Além disso, a Argentina busca evitar polêmicas internacionais para conquistar apoio diplomático na sua longa disputa pela soberania das Ilhas Malvinas, reivindicação que já dura quase dois séculos e que levou a uma guerra com o Reino Unido em 1982.

A imprensa argentina também apontou que Mondino já enfrentava fragilidade dentro do governo. Ela teria sido afastada de eventos importantes da agenda internacional, enquanto outros membros do governo assumiam a liderança em questões diplomáticas.

Causa das Malvinas

Segundo o La Nación, diplomatas argentinos acreditavam que um voto contrário ou uma abstenção na resolução sobre Cuba e Estados Unidos poderia fortalecer a posição da Argentina na disputa pelas Malvinas. O território do Atlântico Sul voltou ao centro das atenções após uma nova controvérsia neste mês.

O Ministério da Defesa da Argentina referiu-se às Ilhas Malvinas como "Falklands" em um comunicado oficial, adotando a nomenclatura britânica. O documento foi utilizado em uma reunião entre a chanceler Mondino e o vice-presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Gilles Carbonier, além de ser publicado em um site vinculado ao Ministério da Defesa.

Na época, Mondino prometeu demitir o responsável pelo comunicado, alegando que o funcionário agiu "guiado pela ideologia de esquerda". O incidente gerou críticas tanto de políticos da oposição quanto de membros do governo. Deputados chegaram a solicitar a saída da ministra, enquanto o ex-chanceler Santiago Cafiero afirmou que o uso do termo "Falklands" não foi um erro, mas uma "entrega da soberania".

Cuba, por sua vez, sempre respaldou a reivindicação da Argentina pela soberania das Ilhas Malvinas, uma bandeira que Milei e Mondino haviam minimizado nos primeiros meses de governo, mas que voltou a ganhar destaque, especialmente após a vitória do Partido Trabalhista no Reino Unido.

Embora o alinhamento de Milei com Estados Unidos e Israel tenha sido cada vez mais evidente, a votação contra o bloqueio a Cuba indica que a diplomacia argentina ainda preserva algumas de suas bandeiras tradicionais.

Agora, a dúvida que surge é se a Argentina continuará recebendo o apoio do Comitê de Descolonização da ONU, que tradicionalmente pressiona o Reino Unido a reconhecer a soberania argentina e iniciar negociações sobre as Malvinas.

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