Em Buenos Aires, estudantes e professores universitários coordenaram, na quarta (2), manifestações contra o avanço das políticas de austeridade do governo de Javier Milei, eleito presidente da Argentina em novembro do ano passado.
Milei, da coalizão conservadora La Libertad Avanza, foi o presidente mais votado do país desde Macri (em 2015), e se elegeu com a promessa de corrigir a economia com políticas ultraliberais de austeridade fiscal — redução dos gastos e do financiamento públicos — e privatizações.
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Os atuais protestos contra cortes no ensino superior ocorrem após o veto do presidente a uma lei aprovada no congresso argentino que concederia um piso de aumento orçamentário às instituições, para cobrir os efeitos da inflação galopante (que, nos últimos 12 meses, já alcançou a marca de 236,7%).
A lei vetada por Milei estipula que 0,14% do PIB do país seja destinado ao orçamento das universidades públicas para 2024, com aumento nos salários dos docentes e atualização do valor de bolsas de estudo.
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Professores do ensino superior já perderam cerca de 40% de seu poder aquisitivo desde o final do ano passado, de acordo com a Universidade de Buenos Aires.
Em abril, uma outra onda de protestos havia sido convocada para combater os cortes do governo, que acusava as instituições públicas de ensino de “promoção da doutrinação socialista” — um discurso comum da extrema-direita já usado por Jair Bolsonaro, que, em 2022, chegou a cortar R$344 milhões do orçamento do governo brasileiro para o ensino superior.
O Ministério do Capital Humano da Argentina, entretanto, nega que o governo tenha desfinanciado a educação, e diz que seu compromisso com as universidades públicas "permaneceu firme".
Os robustos cortes de gastos adotados pelo governo desde o começo deste ano têm refletido na situação socioeconômica da população argentina — 55,5% do país está em situação de pobreza, indicaram os dados para o primeiro semestre de 2024; a taxa subiu mais de 10 pontos percentuais desde 2023.