Eleito por um misto de desespero e última esperança de boa parte do povo argentino, o presidente bufão Javier Milei passou como um furacão sobre o país em nove meses de seu governo.
Cansado de ver fracassarem soluções paliativas em meio a uma crise constante do neoliberalismo no país, o povo argentino resolveu apostar alto num homem que confessadamente diz ser aconselhado pela alma de seu cachorro morto e três de seus clones.
Milei prometeu ao país que varreria a classe política e acabaria com a presença do Estado na economia, o que segundo ele eram as causas de todos os males do país.
E cumpriu o que prometera. Desde 10 de dezembro do ano passado, quando tomou posse e editou um pacotaço de mais de 600 medidas, Milei tirou todos os subsídios das tarifas de água, gás, luz, transporte público e serviços essenciais. Liberou o aumento de preços dos aluguéis, que passaram a ser regidos apenas pelas leis do Mercado, assim como toda a economia argentina.
Desde que assumiu o cargo, Milei cortou pensões e salários públicos, interrompeu quase todos os projetos de infraestrutura pública, desvalorizou o peso em mais de 50% e eliminou os controles de preços de tudo, desde leite até contas de telefone celular.
Gasto público zero. Assim acabariam com a inflação, que estava em quase 150% ao ano.
E deu certo. A inflação cedeu, os juros começaram a cair, o país conseguiu um empréstimo no FMI de US$ 800 milhões e está reivindicando ainda mais. Conseguiu no primeiro trimestre deste ano um superávit primário (quando as receitas do governo são maiores que as despesas), o primeiro desde 2008. A economia se recupera aparentemente.
Mas a que custo? E a vida do argentino?
Nove meses de governo Milei
O jornalista Rogério Tomaz resumiu num post na rede X a consequência dos nove meses do governo Milei para o povo argentino.
- 73,3% de pobreza
- 7,8 milhões de novos pobres
- 9.153 fábricas fechadas
- 655 mil empregos destruídos
- 91,95% de inflação
- Queda de 3,2% do PIB no 1º semestre
- Menor consumo de carne desde 1920
Valeu a pena?
Os argentinos ainda continuam apostando em Milei. Sua popularidade está em 52%. A principal causa disso: a queda da inflação. Apostam num "aperto necessário" à espera de melhores dias no futuro. Em meio ao aumento da miséria.
Mas a inflação tem voltado a aumentar, o que significa más notícias para o país. E para Milei.