SIONISMO GENOCIDA

"Persona non grata": Governo Lula condena ataque sionista ao secretário da ONU

Em meio ao genocídio em Gaza e a expansão do conflito para o Líbano, governo Benjamin Netanyahu declarou António Guterres "persona non grata" e o proibiu de entrar em Israel, assim como fez com Lula em fevereiro

Lula e Antonio Guterres, secretário-geral da ONU.Créditos: Ricardo Stuckert / PR
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Em nota divulgada pelo Itamaraty nesta quinta-feira (3), o governo Lula se solidarizou com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, alvo de ataques do governo sionista de Benjamin Netanyahu, que o classificou como "persona non grata" e o proibiu de entrar em Israel.

"O governo brasileiro lamenta e condena a decisão do governo de Israel, anunciada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, de declarar o secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, como 'persona non grata'”, diz o texto.

Segundo o Itamaraty, a ação do governo Netanyahu contra o secretário da ONU "afasta a região de uma solução pacífica".

"O ataque do governo de Israel a uma Organização que foi constituída para salvar a humanidade do flagelo e atrocidades da II Guerra Mundial e para proteger os direitos humanos fundamentais e a dignidade da pessoa humana não contribui para a paz e o bem-estar das populações israelense e palestina e afasta a região de uma solução pacífica", diz.

O governo brasileiro ainda afirma que com o ataque a Guterres, Netanyahu "prejudica fortemente os esforços da Organização das Nações Unidas em favor de um cessar-fogo imediato no Oriente Médio, da libertação imediata e incondicional de todos os reféns e de um processo que permita a concretização da solução de dois Estados, com um Estado da Palestina independente e viável convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro das fronteiras de 1967, o que inclui a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital".

"Ao manifestar sua solidariedade ao Secretário-Geral António Guterres, o Brasil reafirma a importância das Nações Unidas, notadamente de sua Assembleia Geral e de seu Conselho de Segurança, nos esforços pelo cessar-fogo e por uma solução de dois Estados", finaliza o Itamaraty.

Bolsonaro comemora

Em meio ao massacre promovido por Benjamin Netanyahu na Faixa de Gaza e no Líbano, Jair Bolsonaro (PL) comemorou o fato de o chanceler sionista Israel Kantz ter declarado Guterres persona non grata e proibir a entrada dele em Israel.

Guterres vem pedindo fim do cessar-fogo desde o início do genocídio em Gaza e condenou a ampliação do conflito no Oriente Médio por Israel após os ataques ao sul do Líbano.

Como resposta, foi alvo de ataques grosseiros do ministro de Relações Internacionais do governo Netanyahu, que declarou nas redes nesta quarta-feira (2) que Guterres foi "incapaz de condenar inequivocamente o criminoso ataque do Irã a Israel".

"Decidi hoje declarar o Secretário-Geral da ONU António Guterres persona non grata em Israel e proibir a sua entrada em Israel. Quem é incapaz de condenar inequivocamente o ataque criminoso do Irã a Israel, como quase todos os países do mundo fizeram, não é digno de pisar em solo de Israel", diz o ministro sionista, mentindo sobre o apoio de "quase todos os países do mundo".

Em seu canal no Telegram, onde se comunica com mais de 1,6 milhão de apoiadores, Bolsonaro comemorou a decisão do governo sionista.

"Guterres é conhecido por fazer posts atacando e criticando diretamente Israel, fazendo sempre questão de citar o nome do país nas publicações, mas evita ao máximo citar o nome de organizações terroristas e do Irã, quando é Israel o alvo dos ataques", mentiu Bolsonaro.

"Para o comunista amigo do lule, Israel simplesmente não tem direito a existir. O nome disto é genocídio", emendou.

Lula

Israel Kantz é o mesmo chanceler que, em fevereiro deste ano, declarou Lula "persona non grata" no país após o presidente brasileiro comparar o genocídio em Gaza à matança de judeus por Adolf Hitler. 

A declaração de Lula aconteceu antes do presidente brasileiro embarcar em Adis Abeba, na Etiópia, em viagem de volta ao Brasil.

Indagado sobre a ação sionista, Lula afirmou que o genocídio na região palestina só encontra um precedente na História do mundo: "quando Hitler resolveu matar judeus".

"O Brasil vai reconhecer na ONU que o Estado palestino seja reconhecido oficialmente como pleno e soberano. [...] É preciso parar de ser pequeno quando a gente deve ser grande. O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum momento histórico... Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus", disse.

Em declaração ao lado do embaixador brasileiro, Frederico Méyer, que foi convocado para "uma dura conversa de repreensão", anunciada pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, Kantz atacou o presidente brasileiro e declarou Lula persona non grata no país.

"Não perdoaremos e não esqueceremos - em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, informei ao Presidente Lula que ele é uma persona non grata em Israel até que ele peça desculpas e se retrate de suas palavras", afirmou Kantz no Memorial do Holocausto, Yad Vashem, em Jerusalém.

Lula não pediu desculpas e retirou Méyer da embaixada brasileira em Tel Aviv, que segue sem um representante oficial do governo brasileiro.