CRISE NO ORIENTE MÉDIO

Combates no Líbano expõem fragilidades do exército israelense em confronto com Hezbollah

No Catar, presidente do Irã fala em se sentir abandonado por comunidade internacional e pede necessidade coletiva por segurança na região

Créditos: Getty Images - Hezbollah não vai facilitar invasão de Israel contra o Líbano
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Reportagens da rede de comunicação catari Al Jazeera desenham um cenário bem diferente do que reporta a mídia ocidental sobre a situação no Oriente Médio. O veículo não faz coberturas a partir de Israel porque foi expulso do país.

De Amã, na Jordânia, o repórter Hamdah Salhut informa que o exército israelense enfrenta um novo e perigoso desafio no campo de batalha ao se deparar com os combatentes do Hezbollah, marcando o primeiro dia de combate direto entre as duas forças no território libanês.

Embora as autoridades israelenses tenham inicialmente descrito essas operações como incursões limitadas e direcionadas, a realidade no solo tem se mostrado mais complicada do que o esperado.

Fontes locais relataram que, apesar da superioridade israelense em termos de poder aéreo, com ataques coordenados por drones e bombardeios aéreos, o confronto corpo a corpo com o Hezbollah tem sido marcado por perdas significativas do lado israelense.

Observadores da segurança israelense já haviam expressado apreensão sobre os desafios que suas tropas enfrentariam em combate terrestre, onde sua vantagem tecnológica tem menos impacto.

As ações limitadas, que Israel insiste não serem uma invasão em larga escala, estão expondo a dificuldade das forças israelenses em se adaptar às táticas de guerrilha do Hezbollah, reconhecidamente experiente em confrontos irregulares na região.

O resultado? Uma rápida percepção por parte do exército de que o inimigo que enfrenta é mais bem preparado e mais determinado do que se esperava.

Presidente iraniano acusa a comunidade internacional de engano

Outro profissional de imprensa da Al Jazeera, James Bays, a partir de Doha, no Catar, informa que o presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, recém-eleito em meio a promessas de moderação e diplomacia, expressou frustração ao afirmar que seu país foi enganado pela comunidade internacional.

Em seu discurso, ele destacou que o Irã havia sido pressionado a mostrar moderação após o assassinato de Ismail Haniyeh, ex-líder do Hamas, em Teerã, logo após sua posse. Haniyeh foi um dos convidados de honra da cerimônia, e sua morte gerou comoção no governo iraniano.

Segundo o presidente, o Irã optou por não retaliar imediatamente, acreditando nas promessas internacionais de que essa postura abriria caminho para um cessar-fogo em Gaza. No entanto, ele afirmou que, diante dos eventos recentes, essa promessa não foi cumprida, deixando o Irã sem alternativas a não ser adotar uma postura mais assertiva.

As palavras do líder iraniano refletem a crescente tensão no Oriente Médio, à medida que as potências regionais se posicionam de forma mais agressiva em resposta às ações de Israel e à suposta falta de resposta da comunidade internacional em relação às suas preocupações de segurança.

Presidente do Irã pede 'necessidade coletiva' por segurança

 Pezeshkian seguiu adiante com sua visita previamente agendada ao Catar, mesmo após os ataques com mísseis da noite anterior e a esperada retaliação de Israel, que muitos acreditavam ser iminente.

“É surpreendente ver que este plano já agendado não foi cancelado”, disse Tohid Asadi, analista de assuntos iranianos, à Al Jazeera, diretamente de Teerã. Ele acrescentou que o fato importante é que o presidente está agora falando sobre a necessidade coletiva de segurança e paz, o que reflete planos de ação concretos para criar uma abordagem concentrada e coordenada.

“O presidente está afirmando, ‘Não temos medo da guerra’ e, ao mesmo tempo, ‘Não somos belicistas’. Isso demonstra como o Irã está dinamicamente avaliando sua posição”, destacou o analista. 

Este discurso ressalta o equilíbrio que o Irã busca entre mostrar disposição para se defender e, ao mesmo tempo, se posicionar como um promotor da paz regional, enfatizando que suas ações são orientadas por uma necessidade coletiva de estabilidade.

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