De BERLIM | O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu início, nesta quarta-feira (2), a uma operação militar para resgatar brasileiros residentes no Líbano. A repatriação foi ordenada pelo chefe do Executivo em meio aos intensos ataques que as forças militares de Israel vêm realizando contra o país vizinho.
A operação, batizada de "Raízes do Cedro", foi determinada por Lula na última segunda-feira (30), poucas horas após tropas israelenses invadirem o sul do Líbano por terra. Além da ofensiva terrestre, Israel também está lançando ataques aéreos com bombas e mísseis, incluindo a capital Beirute.
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De acordo com o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), aproximadamente 21 mil brasileiros vivem atualmente no Líbano. Entre eles, dois adolescentes – uma jovem de 16 anos e um rapaz de 15 – foram mortos em ataques israelenses na última semana.
O Palácio do Planalto informou que a operação de resgate será realizada com um avião KC-30 da Força Aérea Brasileira (FAB). A aeronave partirá da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, com destino ao Aeroporto de Beirute, no Líbano, fazendo uma escala em Lisboa, Portugal. A tripulação contará com profissionais da saúde, incluindo médico, enfermeiro e psicólogo, "prontos para prestar o apoio necessário durante a missão".
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"O retorno do KC-30 ao Brasil estará condicionado a coordenações e protocolos adicionais", comunicou a FAB em nota oficial.
Em novembro de 2023, o governo Lula realizou com sucesso operações de resgate de brasileiros que se encontravam em Gaza, território palestino que está sendo massacrado por Israel e onde o Estado judeu vem promovendo vem promovendo uma matança de civis desde 7 de outubro de 2023, quando o grupo islâmico-palestino Hamas atacou territórios israelenses, matou e sequestrou civis do país vizinho.
Lula critica Netanyahu e ONU por inação frente aos ataques de Israel
Na noite de terça-feira (1), durante visita ao México para a posse da nova presidenta, Claudia Sheinbaum, o presidente Lula criticou duramente o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e a incapacidade da Organização das Nações Unidas (ONU) em conter os ataques israelenses.
"O que lamento profundamente é o comportamento do governo de Israel. Sinceramente, é inexplicável que o Conselho da ONU não tenha autoridade moral e política para fazer com que Israel sente à mesa para negociar, em vez de apenas saber matar", afirmou Lula.
As declarações foram feitas enquanto o Irã realizava um ataque maciço com mísseis balísticos contra Israel, levando as autoridades israelenses a emitir alertas em Tel Aviv e orientar a população a buscar abrigos.
O Ministério das Relações Exteriores brasileiro (Itamaraty), em nota oficial, também condenou os ataques de Israel ao Líbano. Leia abaixo:
"O governo brasileiro acompanha, com grave preocupação, a realização de operações militares terrestres do exército de Israel no Sul do Líbano, em violação ao direito internacional, à Carta da ONU e a resoluções do Conselho de Segurança. Também deplora a continuidade dos ataques aéreos israelenses a várias regiões do país, que provocaram, desde o passado dia 17, a morte de mais de 1000 pessoas, incluindo 2 adolescentes brasileiros e seus pais, assim como um saldo de milhares de feridos.
Ao reafirmar a defesa do pleno respeito à soberania e à integridade territorial do Líbano, o Brasil insta Israel a interromper imediatamente as incursões terrestres e os ataques aéreos a zonas civis densamente povoadas naquele país.
O governo brasileiro renova, ainda, apelo a todas as partes envolvidas para que exerçam máxima contenção e para que alcancem, com a máxima urgência, cessar-fogo permanente e abrangente.
Recorda a necessidade de cumprimento da Resolução 1701 (2006) do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em particular, o chamado à completa cessação de hostilidades entre Israel e o Hezbollah e ao respeito à Linha Azul, bem como conclama a comunidade internacional para que se valha de todos os instrumentos diplomáticos à disposição a fim de conter o agravamento do conflito.
A Embaixada em Beirute continua a monitorar a situação dos nacionais no Líbano, em contato permanente com os brasileiros no país, aos quais continua a prestar assistência consular emergencial. O Itamaraty e o Ministério da Defesa organizam conjuntamente a realização de voo de repatriação para retirada de brasileiros.
O governo brasileiro reitera o alerta para que todos deixem as áreas conflagradas, sigam as orientações de segurança das autoridades locais e, para os que disponham de recursos para tanto, procurem deixar o território libanês por meios próprios. O aeroporto de Beirute continua em operação para voos comerciais.
O número de plantão consular do Itamaraty segue à disposição, em caso de necessidade: +55 (61) 98260-0610 (com WhatsApp)".
Irã lança ataque massivo contra Israel
Na noite de terça-feira (1), Israel foi alvo de centenas de mísseis balísticos disparados pelo Irã. Imagens divulgadas pela emissora Al Jazeera mostraram que alguns dos mísseis não foram interceptados, atingindo o solo israelense. O portal de notícias Times of Israel relatou que os céus das principais cidades do país foram iluminados pela “batalha” entre o sistema de defesa antimísseis Iron Dome e os projéteis iranianos.
Ainda não há informações precisas sobre os alvos atingidos ou o número de vítimas. Relatórios não confirmados indicam que haveria ações em solo, incluindo invasões de hotéis e ataques a tiros em áreas urbanas de Israel.
O Departamento de Estado dos EUA confirmou o ataque, e o presidente Joe Biden reafirmou o “compromisso total dos EUA com a defesa de Israel”. Pouco após o início do ataque, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), almirante Daniel Hagari, afirmou que "Israel tem capacidade de se defender e retaliar" o Irã.
O Pentágono informou que auxiliou Israel, abatendo parte dos mísseis com recursos militares posicionados na região, como porta-aviões e caças supersônicos.
Simultaneamente, um tiroteio foi registrado em Tel Aviv, no distrito de Jaffa. Autoridades israelenses relataram a morte de quatro pessoas, enquanto a imprensa local informou oito mortos. Os atiradores foram "neutralizados" pelas forças de segurança.
Há informações de que o ataque iraniano ocorreu em duas fases: a primeira com cerca de 100 mísseis e a segunda com aproximadamente 330. Relatos apontam que algumas pessoas ficaram feridas durante a busca por abrigos antiaéreos em várias cidades israelenses.
Contexto
Os recentes ataques de Israel ao Líbano, que têm como alvos integrantes do Hezbollah, estão diretamente relacionados ao apoio contínuo do grupo libanês à causa palestina, especialmente em meio ao massacre de palestinos que as forças israelenses promovem em Gaza.
O Hezbollah, apoiado pelo Irã, tem uma longa história de antagonismo contra Israel, fornecendo apoio militar e logístico a grupos palestinas, incluindo o Hamas, que lidera a resistência armada contra a ocupação israelense.
Com o aumento das tensões em Gaza, onde milhares de civis palestinos têm sido assassinados e deslocados pelos bombardeios israelenses, o Hezbollah intensificou suas ações na fronteira norte de Israel como parte de uma estratégia de solidariedade com os palestinos, tornando-se um alvo prioritário para as operações militares de Israel. A incursão terrestre em território libanês é vista como uma tentativa de Israel de enfraquecer o Hezbollah e limitar seu impacto no conflito mais amplo na região.