Em entrevista ao Fórum Café na manhã desta quinta-feira (18), o jornalista Breno Altman classificou como tentativa de corrupção e violação da soberania a ação da Confederação Israelita do Brasil (Conib) de convidar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para uma viagem de cinco dias a Israel com o objetivo de “visitar e registrar diretamente os resultados” do ataque do Hamas, que aconteceu em 7 de outubro e deu início ao massacre na Faixa de Gaza.
"É um escândalo de grandes proporções. Isso é uma prova robusta de tentativa de corrupção, de suborno, em relação às instituições. De violação da soberania brasileira, porque não apenas a Conib, que se disfarça de uma entidade representativa da comunidade judaica, faz o convite, como a sua parceria nesse convite a Stand With Us, que é uma associação sionista norte-americana. Tem cabimento isso? Um organização como a Conib e uma ONG norte-americana convidarem com tudo pago ministros da corte suprema brasileira, do STJ, para visitar Israel? Isso é uma afronta à nossa soberania. Uma aberração. Oxalá ninguém o aceite. Os ministros que aceitarem esse convite estão numa situação moral e talvez legamente muito perigosa", disse Altman, lavo de perseguição pela entidade, que quer censurá-lo e prendê-lo.
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O convite feito pela Conib aos magistrados das duas mais altas cortes do país foi divulgado nesta quarta-feira (17) por Malu Gaspar, no jornal O Globo.
No texto, a Conib diz que a delegação “de alto nível” também buscaria “entender questões e impactos jurídicos, sociais e econômicos” do conflito a partir de agendas com as poderosas Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) e “especialistas e portadores de informações relevantes” sobre a guerra e a geopolítica na região, segundo a jornalista.
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Presidente da entidade, o médico Claudio Lottenberg, confirmou os embarques nos dias 20 e 23, e afirmou que a viagem será bancada "integralmente" pela Conibi e pela StandWithUs, ONG sionista que atua fazendo lobby junto a autoridades dos EUA.
O convite acontece uma semana após Lula anunciar o apoio do Brasil ao processo movido pela África do Sul no Tribunal de Haia acusando Israel de genocídio no massacre perpetrado na Faixa de Gaza.
Ao O Globo, Lottenberg negou a relação entre a viagem e a posição de Lula. No entanto, voltou a atacar a posição brasileira e a ação dos sul-africanos.
“Por um entendimento equivocado, que de certa forma não merece respeito, países decidiram apoiar uma ação nitidamente política e que não tem um viés jurídico”, afirmou. “Não há nenhum traço de genocídio, e a África do Sul não é autoridade alguma em direitos humanos. Infelizmente, o Brasil se antecipou”, emendou o médico.
Em nota nas redes no dia 10 de janeiro, a Conib condenou "a decisão do governo brasileiro de apoiar a ação da África do Sul na Corte Internacional de Justiça de Haia que acusa Israel de genocídio".
"A ação sul-africana é uma inversão da realidade. O conflito atual começou depois das atrocidades dos terroristas do Hamas contra a população de Israel, que matou indiscriminada e barbaramente mais de 1.200 pessoas, no ataque mais mortal contra o povo judeu desde o Holocausto", diz a Conib, ignorando os mais de 24 mil palestinos mortos pela ação de Israel, quase 70% deles mulheres e crianças.
Assista à entrevista de Breno Altman ao Fórum Café.