Com certeza você se deparou nos últimos dias com perfis bolsonaristas divulgando o filme "O Som da Liberdade", que é inspirado na história de um ex-agente da CIA que combate o tráfico de crianças para mercados de exploração sexual.
Porém, o que esses mesmos perfis não devem ter divulgado é o fato de que Tim Ballard, o homem que inspirou o filme, está sendo investigado por má conduta sexual. Ballard teria cometido delitos sexuais com sete mulheres.
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De acordo com informações do portal Vice News, Tim Ballard teria convidado as mulheres para atuarem como se fossem suas "mulheres" em missões secretas fora dos Estados Unidos.
Ballard então teria coagido as mulheres a compartilharem a cama com ele e até mesmo a tomarem banho juntos. A justificativa dele é que a encenação seria necessária para enganar os traficantes de crianças.
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A publicação também afirma que Tim Ballard teria enviado uma foto sua de cueca para uma das mulheres e questionado "até onde ela estava disposta a ir" para salvar as vítimas.
Tim Ballard foi afastado da OUR, fundação que ajudou a fundar. No comunicado, a instituição afirmou que "não tolera assédio sexual".
"Tim Ballard renunciou à OUR em 22 de junho de 2023. Ele se separou permanentemente da OUR. A OUR dedica-se a combater o abuso sexual e não tolera assédio sexual ou discriminação por parte de qualquer pessoa da sua organização. A OUR contratou um escritório de advocacia independente para conduzir uma investigação abrangente de todas as alegações relevantes, e a OUR continua a avaliar e melhorar a governança da organização e os protocolos para suas operações", diz o comunicado.
A reportagem da Vice News também informa que Tim Ballard foi acusado de assédio sexual dentro da organização e que isso teria incentivado outras mulheres a denunciarem.
“O Som da Liberdade” é um filme medíocre
O filme "O Som da Liberdade" (Sound Of Freedom/2023), dirigido por Alejandro Monteverde, narra a história de Tim Ballard, um agente da CIA que atua em operações visando desbaratar o mercado de tráfico de crianças.
Após retornar de um resgate de crianças, o homem assume a missão de encontrar a irmã de um garoto resgatado em sua última ação. No entanto, sem muitas pistas, ele não tem permissão para continuar e lhe é ordenado que volte para os EUA. Mas ele se demite e inicia sua jornada.
A partir do momento em que Tim Ballard decide "acabar" com o tráfico de crianças sozinho, o longa-metragem adota um tom de missão divina. Em certo diálogo, o próprio personagem fala em "chamado de Deus".
Bem distante do Tim Ballard acusado de assédio sexual, o personagem do filme é transformado em uma figura santa que visa salvar as crianças. A produção é profundamente medíocre e a todo momento apela para comover o telespectador.
Além disso, "O Som da Liberdade" é um filme que trabalha em cima de estereótipos racistas, como se a América Latina fosse uma terra selvagem repleta de pessoas entorpecidas por substâncias, mas também pela miséria.
Por causa desse clima cristão, o filme foi abraçado pela extrema direita dos EUA, que fez uma imensa campanha e o longa entrou no Top 10 das maiores bilheteiras. No Brasil, a produção foi abraçada por bolsonaristas que estão em campanha intensa para que as pessoas assistam ao filme, que é sofrível e medíocre em todos os sentidos.