O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso aclamado pelos presentes na abertura da 78ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (20), em Nova York (EUA). Em sete momentos diferentes o mandatário brasileiro teve sua fala interrompida por aplausos. Uma dessas salvas de palmas veio após Lula sair em defesa da liberdade de imprensa e citar o jornalista australiano Julian Assange, fundador do WikiLeaks.
"É fundamental preservar a liberdade de imprensa. Um jornalista, como Julian Assange, não pode ser punido por informar a sociedade de maneira transparente e legítima", declarou Lula, reforçando uma defesa que já havia feito em outros fóruns internacionais.
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Assange está preso no Reino Unido desde 2019 por ter vazado documentos secretos dos Estados Unidos em 2010. A saga do jornalista, ativista e programador de computador começa quando ele cria o site WikiLeaks, em 2010, e publica informações secretas sobre a atividade militar dos Estados Unidos no Iraque e Afeganistão. Nesse compilado estavam relatórios que revelavam crimes de guerra, violação dos direitos humanos e mortes de civis.
Em junho de 2022, o governo britânico aprovou a extradição do jornalista aos Estados Unidos. Em março, a Suprema Corte do Reino Unido negou ao jornalista o direito de apelar da decisão. Atualmente, a extradição ainda é debatida pelas autoridades dos países, os advogados de Assange e movimentos internacionais pela liberdade de imprensa.
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Em entrevista à Fórum, Giorgio Romano Schutte, especialista em Relações Internacionais que compõe o Observatório de Política Externa e Inserção Internacional do Brasil da Universidade Federal do ABC (OPEB/UFABC), avaliou que a parte mais ousada do discurso de Lula na ONU foi, justamente, a menção a Assange, em pleno território do país que reivindica a prisão do jornalista.
"Talvez a coisa mais ousada, que também ganhou aplausos, foi quando ele [Lula], nos Estados Unidos, estando em Nova York na ONU, mas no território dos Estados Unidos, falou da liberdade de imprensa, e menciona especificamente Assange. Ele já tinha feito isso, a defesa do Assange, em Londres. Talvez seja forte, porque é uma ferida dos Estados Unidos", analisa Giorgio Romano.
A página oficial do WikiLeaks, organização fundada por Assange, nas redes sociais, celebrou o fato de Lula ter defendido o jornalista e divulgou o trecho da fala do presidente brasileiro.
Confira:
Lula 7 vezes aplaudido
O professor Giorgio Romano avaliou, em entrevista à Fórum, que a fala de Lula na ONU não trouxe "nada de novo" pelo fato de que o presidente já vem fazendo discursos parecidos em outras conferências internacionais, com as do G7, G20 e BRICS.
"Nesse sentido, não havia rigorosamente nada de novo. Mas também não precisava exatamente ter alguma coisa de novo", opina o especialista.
O discurso de Lula foi marcado, principalmente, pelos seguintes temas: combate à fome e à pobreza, justiça social, desenvolvimento sustentável e reforma dos organismos de governança global
Para Giorgio Romano, o que mais chamou a atenção na intervenção do presidente brasileiro foi, justamente, a sequência de aplausos por parte da plateia no plenário da Assembleia Geral.
"O que me chamou a atenção é que, em alguns momentos, o público presente, as autoridades presentes, aplaudiram. Isso é uma indicação interessante. E a gente viu a primeira vez que ele [Lula] foi interrompido, com aplausos, quando ele insiste que o Brasil está de volta", pontua Romano.
"Brasil is back. Isso é forte. E, claro, aproveita do fato que é um contraste muito grande. É relativamente fácil você se diferenciar do presidente anterior [Jair Bolsonaro]. Ainda mais com o carisma e com a experiência do Lula, isso se turbina ainda mais. O contraste é gigantesco. E isso o mundo entende, ainda mais em um mundo onde há falta de lideranças. Portanto, uma figura como o Lula chama muito a atenção", prossegue o professor.
Assista abaixo às 7 vezes que Lula foi aplaudido na ONU