A advogada Stella Assange, esposa do jornalista Julian Assange, participou na última quinta-feira (24) de um encontro online com personalidades relevantes na defesa dos direitos humanos no Brasil. Preocupada com a possibilidade de extradição do marido para os Estados Unidos, Stella fez um apelo aos brasileiros sobre o que considerou como “a última linha de defesa”.
“Precisamos aumentar a pressão sobre os países, para que se manifestem em relação a este caso que é um escândalo repleto de ilegalidades. Meu marido foi enquadrado na Lei de Espionagem dos Estados Unidos, sendo um jornalista no exercício da profissão, e que, por ser estrangeiro, não contará com a proteção da 1ª Emenda da Constituição americana, que protege a liberdade de expressão. Armaram uma armadilha perfeita para ele,” descreveu.
Assange pode ser extraditado aos EUA já nas próximas semanas, onde pode cumprir pena de até 175 anos em prisão de segurança máxima. Contra ele há 18 acusações feitas por um tribunal do estado da Virgínia e a tendência que a Justiça britânica sinaliza de que irá acatar o pedido de extradição. Ele está preso em Londres desde 2019.
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A reunião vem em um contexto em que, conformado revelado pelo blog Socialista Morena, de Cynara Menezes, seus familiares vem discutindo com autoridades brasileiras um possível asilo político. Estiveram presentes os ex-ministros Paulo Sérgio Pinheiro, Paulo Vannuchi e Luiz Carlos Bresser-Pereira, o advogado criminalista e ex-secretário de Justiça e Segurança Pública de São Paulo, Antônio Claudio Mariz de Oliveira, e José Luiz Del Roio, ex-senador da Itália e ex- membro da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa.
“O que se construiu contra Assange nos EUA lembra um tribunal de exceção”, avaliou Antônio Claudio Mariz de Oliveira.
Kristinn Hrafnsson, editor-chefe do WikiLeaks, também esteve na reunião. No cargo desde 2010, quando Assange precisou largar o ofício por conta da perseguição que vem sofrendo, Hrafnsson apontou que qualquer pessoa interessada no devido processo legal deve se interessar pelo destino de Julian Assange.
“Trata-se de um caso de flagrante violação de direitos humanos e de princípios. As revelações do Wikileaks, em parceria com grandes veículos da imprensa, expuseram abusos cometidos contra milhares de civis em guerras, além de outras violações registradas em telegramas diplomáticos. Talvez tenha sido a maior empreitada jornalística da década,” analisou.
Após a reunião, foi criado o Comitê pela Liberdade de Julian Assange. A proposta é atuar no plano jurídico nacional e abrir canais de diálogo com no exterior, especialmente os países europeus.
Assista à gravação da reunião
Governo brasileiro promete asilo
No Brasil para o lançamento do documentário Ithaka: A Luta de Assange, de Ben Lawrence, que estreia nos cinemas no próximo dia 31 de agosto,o pai de Julian Assange, o aposentado australiano John Shipton, de 76 anos, disse que o governo brasileiro irá negociar com o Reino Unido uma oferta de asilo para o ativista, preso desde 2019 em Londres. A promessa teria sido feita a ele por Nilmário Miranda, assessor especial do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania.
Se a promessa se concretizar, o governo Lula estará atendendo assim ao pedido feito por 3200 cientistas, jornalistas, professores, sindicalistas e lideranças da sociedade civil em carta que foi entregue ao presidente em julho pelo presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), Renato Janine Ribeiro. Nela, as personalidades solicitavam a Lula seu apoio, providências legais e diplomáticas no sentido do Brasil conceder, da forma mais ágil possível, asilo político a Assange.
O pai do jornalista também esteve com o ministro da Secom, Paulo Pimenta, onde declarou que atualmente Lula "é o maior defensor de Assange no mundo". Na rede social X (ex-twitter), Pimenta comentou: "Reafirmamos o compromisso do nosso governo com a sua luta, a do Assange, e o nosso compromisso com a liberdade de expressão. Defendemos quem tem coragem de buscar um mundo melhor".
John Shipton também tem esperanças de que o presidente dos EUA, Joe Biden, se comova com seus apelos para que o país desista do pedido de extradição de Assange. "O presidente Biden tem um filho às voltas com problemas neste momento. Acho que ele é capaz de entender o drama de outro pai com um filho com problemas. É o que eu peço a ele, de um pai para outro", disse.
Clique aqui e leia a entrevista completa do pai de Assange ao blog da Cynara Menezes.