Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira (19), o presidente Lula citou o jornalista Julian Assange ao defender a liberdade de imprensa. Assange está preso no Reino Unido desde 2019 por ter vazado documentos secretos dos Estados Unidos em 2010. Na ocasião, o presidente defendeu que o jornalista “não pode ser punido por informar a sociedade de maneira transparente e legítima”.
Conheça a trajetória de Julian Assange
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A saga do jornalista, ativista e programador de computador começa quando ele cria o site WikiLeaks, em 2010, e publica informações secretas sobre a atividade militar dos Estados Unidos no Iraque e Afeganistão. Nesse compilado estavam relatórios que revelavam crimes de guerra, violação dos direitos humanos e mortes de civis.
Em seguida, ele publica 250 mil telegramas diplomáticos entre os EUA e aliados durante a “guerra do terror”, programa do governo de George W. Bush depois do 11 de Setembro.
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Os Estados Unidos, então, acusa Assange de beneficiar a Rússia com os vazamentos. Em 2016, por exemplo, ele divulgou e-mails da campanha de Hillary Clinton obtidos quando hackers russos invadiram computadores do Comitê Nacional Democrata.
- Extradição para a Suécia
Entre agosto e setembro de 2020, Assange foi acusado de estupro por duas mulheres suecas. O país, então, pede o envio do jornalista para passar por um interrogatório. Porém, ele desconfia que a Suécia pretende entregá-lo aos Estados Unidos e impõe a garantia de que prestaria depoimento se não fosse enviados aos EUA. A Suécia nega o pedido e Assange propõe que o interrogatório seja feito em Londres O país também não fecha acordo.
- Assange perde na justiça
Em novembro de 2011, a Justiça britânica concede a extradição de Assange para a Suécia. Seus advogados argumentam que ele não seria julgado de maneira justa no país, mas, em 2012, perdem o último recurso na Suprema Corte da Grã-Bretanha.
- Asilo no Equador
O jornalista decide pedir asilo diplomático na embaixada do Equador em Londres, em agosto de 2012. Ele consegue, mas com a condição de não deixar o edifício, se não seria preso pela polícia britânica. O asilo duraria sete anos.
- ONU sai em defesa de Assange
Em janeiro de 2016, o Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas reconheceu que a prisão de Assange foi arbitrária e determinou que a Grã-Bretanha e Suécia concedessem liberdade aos jornalista. Os países ignoram o pedido e Assange permanece exilado na embaixada.
- Interrogatório sem defesa
Em novembro de 2016, promotores suecos interrogam o jornalista por quatro horas na embaixada de Londres. Seu advogado, porém, não foi convocado.
- Equador ameaça tirar asilo de Assange
Com as novas eleições no país, em 2017, o novo presidente, Lenín Moreno, põe em risco sua proteção. Apesar de Moreno deixar o jornalista na embaixada, ele passa a negociar o fim do asilo com o Reino Unido. Ele também considerou Assange um hacker, reduziu seu acesso à internet e alertou para declarações políticas.
Nesse mesmo ano, as investigações de estupro são arquivadas.
Ainda em 2017, jornalistas descobrem que a Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA), durante o governo Donald Trump, planejada assassinar Assange na embaixada do Equador.
- Cidadania no Equador
Assange consegue cidadania no país onde se encontrava exilado, em 2018. O Equador toma a medida na tentativa de acabar com o impasse, e também pede que o Reino Unido conceda imunidade diplomática ao jornalista. O país britânico nega o pedido.
- Assange é preso
O Equador retira a proteção de asilo do jornalista e ele é preso pela polícia inglesa dentro da embaixada. Seus advogados continuam com a defesa contra a extradição aos Estados Unidos, onde ele pode responder por 18 processos de investigação.
- Reino Unido aprova extradição para os EUA
Em junho de 2022, o governo Britânico aprovou a extradição do jornalista aos Estados Unidos. Em março, a Suprema Corte do Reino Unido negou ao jornalista o direito de apelar da decisão da extradição.
Atualmente, a extradição ainda é debatida pelas autoridades dos países, os advogados de Julian e movimentos internacionais pela liberdade de imprensa, como a Anistia Internacional, que argumenta que “permitir que Julian Assange seja extraditado para os EUA o colocaria em grande risco e enviaria uma mensagem assustadora aos jornalistas de todo o mundo".