VIRA-LATISMO?

Quem confia mais nos americanos do que eles mesmos? Os brasileiros, diz pesquisa

Consulta do Instituto Pew ouviu 27 mil adultos em 23 países sobre a visão que o mundo tem dos EUA

Estátua da Liberdade, em Nova York.Créditos: Pxfuel
Escrito en GLOBAL el

Segundo uma pesquisa do Instituto Pew, dos EUA, publicada na última terça-feira (27), os brasileiros possuem majoritariamente uma visão mais positiva sobre os Estados Unidos do que os próprios americanos. A consulta ouviu 27 mil pessoas adultas em 23 países, entre fevereiro e maio, sobre a visão que o mundo tem a respeito dos EUA, abrangendo temas como democracia, Forças Armadas, economia, produção cultural e acadêmica.

De acordo com a pesquisa, 63% dos brasileiros têm uma visão otimista dos EUA em relação às intenções do país no mundo, enquanto a média global fica em 59%. Desde 2010, quando a pesquisa teve sua primeira edição publicada, o Brasil apresenta pelo menos 50% dos consultados com opiniões favoráveis ao país do Tio Sam.

Entre os resultados, chama a atenção o fato de que 48% dos brasileiros, mesmo sendo membros de uma nação com forte produção cultural – exportando novelas para todo o planeta e músicos que fazem sucesso dentro e fora do país – afirmam que os EUA produzem os melhores conteúdos de entretenimento do planeta. Esse número é muito superior ao dos próprios americanos, em que apenas 30% compartilham da mesma opinião.

Ajude a financiar o documentário da Fórum Filmes sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. Clique em https://benfeitoria.com/ato18 e escolha o valor que puder ou faça uma doação pela nossa chave: pix@revistaforum.com.br.

Quando o tema é a produção acadêmica, a discrepância é ainda maior. Apenas 15% dos americanos acreditam que seu país seja o mais relevante do mundo em termos de ensino superior. No Brasil, a confiança nas universidades americanas é de 51%.

Em relação às instituições e à democracia, enquanto apenas 23% dos americanos acreditam que suas instituições são as mais estáveis do mundo, especialmente após a Invasão do Capitólio em janeiro de 2021 e a recente contestação das eleições feita pelo ex-presidente Donald Trump, no Brasil, a confiança nas instituições americanas estaria na ordem dos 38%. O único item em que os brasileiros se aproximam dos americanos é quando são perguntados se as Forças Armadas dos EUA seriam as melhores do mundo: 41% dos brasileiros dizem que sim, assim como 40% dos americanos.

Na mesma pesquisa, 42% dos americanos acreditam que seu país é o mais democrático do mundo, 44% apontam que os EUA são também o país mais tolerante e 69% têm certeza de que o país é uma figura central na paz e estabilidade global. Esses são os termos em que os estadunidenses encontraram maior discordância com o resto do mundo, mas não com os brasileiros. Sobre o último item indicado, 64% dos brasileiros estão de acordo com a maioria dos americanos.

Canadá, França, Alemanha, Grécia, Itália, Japão, Holanda, Coreia do Sul, Espanha, Suécia, Reino Unido, Hungria, Polônia, Índia, Indonésia, Israel, Quênia, Nigéria, África do Sul, Argentina, México e Austrália são os outros países consultados. Entre eles, os que avaliam os EUA de forma mais negativa são México e Hungria. Para os mexicanos, que ao longo da história tiveram metade de seu território ocupado pelos EUA, 48% não acreditam que o vizinho seja tolerante e 30% afirmam que não se trata da maior democracia do planeta. A proximidade geográfica, os conflitos históricos entre as nações, políticas econômicas e o preconceito contemporâneo registrado contra mexicanos nos EUA podem explicar os resultados.

Já na Hungria, 51% têm uma opinião negativa sobre os EUA. E até o presidente democrata Joe Biden sobrou, sendo considerado um líder global confiável por apenas 19% dos húngaros. O país tem como primeiro-ministro Viktor Orban, famoso aliado de Jair Bolsonaro e Donald Trump. O líder da extrema-direita húngara é uma figura criticada pelo Ocidente por seu caráter autoritário e escanteada por Biden, sobretudo nas Cúpulas da Democracia organizadas pelo mandatário norte-americano.