NO BANCO DOS RÉUS

Bolsonaro diz que tem emprego de "garoto propaganda" nos EUA e que pode deixar o Brasil

Na retomada do julgamento que deve deixá-lo inelegível, Bolsonaro retoma chavão misógino propagado a aliados em entrevista e admite que pode fugir novamente do país.

Jair Bolsonaro após continência à bandeira dos EUA.Créditos: Arquivo/Youtube
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No dia que marca a retomada do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode deixá-lo inelegível pelos próximos oito anos, Jair Bolsonaro (PL) admitiu que pode fugir novamente do Brasil e morar nos EUA, onde diz ter sido convidado para trabalhar como "garoto propaganda" na área de venda de imóveis.

Em longa entrevista à Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo, Bolsonaro afirma que "não vou me desesperar" caso perca os direitos políticos, mas em seguida revela que tem um plano de fuga do país.

Indagado se "fica no Brasil de qualquer forma", o ex-presidente responde: "Eu tenho um convite para trabalhar nos Estados Unidos. Lá vivem, eu calculo, 1.4 milhões de brasileiros. Não sei o número exato". E, em seguida, fala que foi "convidado para ser garoto propaganda lá".

A jornalista se mostra incrédula diante da afirmação de Bolsonaro: "É sério? De que?". E ouve como resposta.

"De venda de imóveis. Ih, um montão de coisa. Quando cheguei lá [em janeiro], eu saía de casa e tirava umas 400 fotografias. Fui numa hamburgueria e encheu de gente. Eu enchi a pança e não paguei nada. [risos]. O meu cachê foi comer de graça", disse ele, se gabando pela segunda vez de ter ganhado algo durante passagem pelos EUA - a primeira foi sobre a CPAC, evento ultraconservado que participou ao lado de Donald Trump: "Quem ficou na frente inclusive pagou US$ 5.000. Eu não paguei porra nenhuma [risos]".

A jornalista, então, insiste a Bolsonaro, indagando se ele "admite a hipótese de morar fora do Brasil". "Pode ser", responde ele, antes de dizer que "não quero abandonar o meu país", porque tem "parentes aqui".

"Se eu for, vai a família toda embora", emendou.

Sobre o julgamento que segue nesta terça-feira (27), a partir das 19h, Bolsonaro disse que "a tendência, o que todo o mundo diz, é que eu vou me tornar inelegível".

Indagado sobre qual seria "seu sentimento", o ex-presidente fascista retomou um chavão misógino que propaga entre os seguidores. "Eu sou imbrochável até que se prove o contrário. Vou continuar fazendo a minha parte".

Leia a entrevista na coluna de Mônica Bergamo, na Folha.