RÚSSIA

"Wagner não é nada perto das empresas americanas", afirma Nasser

Professor de relações internacionais explica o que é grupo Wagner e quem é Prigozhin

Yevgeny Prigozhin ameaçou motim contra exército russo e causou polvorosa na imprensa ocidentalCréditos: Reprodução/Redes Sociais
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O professor de relações internacionais Reginaldo Nasser explicou, em entrevista ao programa Fórum Onze e Meia desta segunda-feira (26), o que é o grupo Wagner, que dominou as manchetes sobre a Guerra da Ucrânia neste fim de semana.

Na última sexta-feira (24), o grupo Wagner anunciou uma iniciativa contra Moscou pedindo a cabeça do ministro da Defesa da Rússia, Sergei Choigu.

Para Nasser, o escândalo da imprensa ocidental sobre o grupo Wagner causaram confusão. Ao invés de mercenários, o professor de relações internacionais explica que esse tipo de empresa existe desde a Primeira Guerra Mundial.

“Esse grupo Wagner surgiu após a guerra civil na Ucrânia de 2014. De lá para cá, ele cresceu muito, atuando na Síria, na África e em diversos locais. Não são mercenários. É uma empresa privada de segurança”, afirma.

“Desde a primeira guerra mundial, existem esses contractors. Eles cresceram em tamanho e em poder na Guerra do Afeganistão e do Iraque. Há uma estrutura geral no mundo onde imperam essas empresas privadas de segurança”, completa.

Nasser também diferencia o caso do Wagner. Os subordinados a Prigozhin não atendem a interesses próprios, mas são um ente estratégico privado para agir sem a mesma responsabilidade que o Exército. “É um braço importante do estado russo”, afirma.

Para ele, o conflito se deu por conta de uma exigência de Choigu de controle melhor destes grupos privados. Na avaliação de Nasser, a possibilidade de um golpe de estado era muito pequena.

“O Prigozhin aproveitou uma circunstância. O Exército Russo não vai bem na frente de batalha. Ele ensaiou uma rebelião que pudesse ser seguida pelos outros. Ele não tinha condição, ele tem 15, 20 mil homens na mão”, afirma.

Outra polêmica levantada é: o grupo Wagner é nazista? Segundo Nasser, isso pode confundir a análise. “Eles podem ter ideologia, mas não é a ideologia que dirige as ações”, afirma. Por serem contratados, eles prestam serviços. “É uma empresa como qualquer outra que cuida de segurança. Eles são de direita e combateram os ucranianos de direita”, completou Nasser.

Segundo Nasser, essas empresas também são comuns no Ocidente. “Essas empresas cresceram assustadoramente. A Wagner não é nada perto das empresas americanas e inglesas”, completou.

Confira a entrevista completa de Reginaldo Nasser ao Fórum Onze e Meia: