GRUPO WAGNER

Prigozhin: de dono de barraca de hot-dog e bar de stripper a líder da rebelião armada na Rússia

"Chef de Putin", Yevgeny Viktorovich Prigozhin passou 10 anos na prisão na antiga União Soviética, de onde saiu para montar um império que culminou na fundação do grupo de mercenários que ameaça tomar o poder na Rússia.

Yevgeny Prigozhin com mercenários do Grupo Wagner.Créditos: Telegram
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Com uma História que se funde à evolução da própria humanidade - um dos primeiros ossos humanos, com 35 mil anos de idade, foi descoberto no país -, a Rússia coleciona mistérios até os tempos mais recentes.

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Um deles é a história do Grupo Wagner e de seu autodeclarado fundador, o oligarca russo Yevgeny Viktorovich Prigozhin, que reuniu ex-militares de elite do Exército Russo para montar à organização mercenária para atuar junto às forças oficiais russas na região da Crimeia, na Ucrânia, que ainda segue em disputa.

Aos 62 anos de idade, nascido em Leningrado (atual São Petersburgo) Prigozhin viveu a transição da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas para a atual Rússia. E se aproveitou disso tudo após passar cerca de 10 anos na cadeia, às vésperas do fim da desintegração soviética.

"Ele nasceu em São Petersburgo - mesma cidade de Putin - em 1961 (a cidade se chamava Leningrado à época). Era de família pobre e cometia pequenos crimes na adolescência, até que foi condenado por um roubo e passou 10 anos preso (1980-1990)", conta em um fio no Twitter Tanguy Baghdadi, mestre em Relações Internacionais pela PUC-Rio e professor de Relações Internacionais.

Sem o apoio do pai, que morreu quando ele ainda era criança, Prigozhin começou a vender hot-dogs no mercado de pulgas Aprashaka, em Leningrado, após deixar a prisão.

O primeiro negócio prosperou e ele abriu um restaurante. "A princípio seu estabelecimento era meio trash, com strippers trabalhando como chamariz de clientes. Mas a comida era boa e começou a fazer fama entre a elite da cidade. As strippers foram dispensadas ée o restaurante começou a encher de figurões", conta Baghdadi.

Já nos anos 1990, Prigozhin tornou-se sócio de uma rede de supermercados e fundou diversos cassinos em São Petersburgo, juntamente com Boris Spektor.

Prigozhin expandiu ainda mais os negócios a vários setores, chegando até mesmo a realizar pesquisas de marketing, quando conheceu Vladimir Putin, então braço direito de Anatoly Sobchak, prefeito da cidade.

"Com o tempo, a fama do restaurante de Prigozhin cresceu e ele passou a ser contratado para servir em grandes eventos culturais e diplomáticos. Essa era sua posição quando Putin se tornou presidente, em 1999", afirma o professor de RI, que publicou fotos do oligarca servindo figuras como o Príncipe Charles, do Reino Unido, e George Bush, presidente dos EUA.

"Em 2012, Prigozhin já era tão bem conectado que ganhou um contrato milionário para fornecer refeições para as escolas públicas de Moscou, já sendo conhecido como 'o chef de Putin'”, emenda Baghdadi.

Dois anos depois, na anexação da região da Crimeia pela Rússia, Prighozin viu a oportunidade de expandir seus negócios para o meio paramilitar, criando, sob as bençãos de Putin, o Grupo Wagner.

Para isso, ele teria recrutado o ex-oficial das forças especiais do Departamento Central de Inteligência russo, Dmitry Utkin.

Na Guerra da Ucrânia, o grupo atuou principalmente na região de Donbass até iniciar uma rebelião armada contra o comando militar e assumiu o controle das instalações na cidade de Rostov-do-Don, onde se concentra as forças russas de combate no conflito.

Veja o fio do professor Tanguy Baghdadi

 

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