Nesta sexta-feira (23) o presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusou o líder do Grupo Wagner, o principal grupo mercenário a serviço do exército russo na guerra da Ucrânia, de ter realizado um motim e ter incentivado um golpe no país. A imprensa internacional apontou o incidente como “a maior crise já enfrentada por Putin” desde que assumiu o poder em 1999.
Mas a crise não foi apenas por meio de declarações ou omissões em campo de batalha. Blindados dos mercenários foram vistos nas ruas de Moscou e de Rostov-do-Don ao longo desta sexta-feira. Os mesmos mercenários afirmam que foram atacados por forças do Estado russo na data.
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Na manhã desta sexta-feira (23), o fundador e comandante do Grupo Wagner, Ievguêni Prigojin, publicou um vídeo na internet acusando o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Choigu – seu principal inimigo político – de enganar Putin e a população do país. Ele afirmou que Kiev e a Otan não teriam interesse em atacar a Rússia e que a guerra seria então um “banho de sangue sem sentido”.
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Horas depois, quando fez um novo vídeo e acusou Choigu de ter atacado seus blindados, afirmou: "Temos 25 mil mercenários bem equipados e o apoio da maioria das tropas russas”.
Mesmo com toda a cara de ser uma espécie de “golpe tabajara” russo, as ações midiáticas em torno do blefe de Prigojin fizeram com que o Kremlin interrompesse a programação noturna da televisão estatal Canal 1 e divulgasse um boletim em que negava as acusações do líder mercenário. Não é comum esse tipo de interrupção.
Após o episódio, diversos militares exigem uma ação incisiva do Estado contra o grupo mercenário. Entre eles o general Vladimir Alekseiev, dos serviços de inteligência do Exército. O próprio FSB (Serviço Federal de Segurança) acusou o Grupo Wagner de traição.
Ainda não se sabe se o líder mercenário terá força militar para ir até o fim, ou se a bravata se confirmará e ele negociará - com ou sem sucesso - uma saída pacífica para o imbróglio.