DIÁLOGO PELA PAZ

Entenda a posição de Lula sobre a guerra entre Ucrânia e Rússia

O presidente, desde as eleições 2022, tem defendido que seja aberto um diálogo para a construção da paz entre as duas nações em conflito

Entenda a posição de Lula sobre a guerra entre Ucrânia e Rússia.Créditos: Ricardo Stuckert/ Kremlin/ divulgação
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O presidente Lula, desde o pleito presidencial 2022, tem defendido que seja construído um diálogo que envolva várias nações e que tenha como fim a paz entre a Rússia e a Ucrânia. Em sua recente viagem à China, o mandatário voltou a tocar a no assunto e, novamente, defendeu o fim do conflito entre as duas nações. 

Durante passagem pelos Emirados Árabes, Lula defendeu a construção de uma espécie de G20 para dar inícios a tratativas com o objetivo de colocar um fim na guerra entre a Ucrânia e a Rússia. “A construção da guerra foi mais fácil do que será a saída da guerra, porque a decisão da guerra foi tomada por dois países”, declarou o presidente

“Quando houve a crise econômica de 2008, rapidamente nós criamos o G20 para tentar salvar a economia. Agora é importante criar um outro G20 para acabar com a guerra e estabelecer a paz”, destacou.

 

Mas, para que a paz seja de fato construída, Lula tem afirmado que todas as partes envolvidas no conflito precisam querer a paz. “A paz está muito difícil. O presidente [da Rússia Vladimir] Putin não toma iniciativa de paz, o [presidente da Ucrânia, Volodimir] Zelenski não toma iniciativa de paz. A Europa e os Estados Unidos terminam dando a contribuição para a continuidade desta guerra. Nós precisamos convencer as pessoas de que a paz é a melhor forma de estabelecer qualquer processo de conversação”.


“É preciso que os EUA parem de incentivar a guerra”

 


Desde que assumiu a presidência da República, Lula afirmou que o Brasil se manteria neutro no conflito entre a Ucrânia e a Rússia. Cabe destacar que o governo federal recusou pedido da Alemanha de enviar munições para a Ucrânia. 

Porém, apesar de sua postura neutra, Lula tem cobrado que o governo dos EUA pare de incentivar a guerra entre os dois países em questão. 

 

 

“É preciso ter paciência para conversar com o presidente da Rússia, é preciso ter paciência para conversar com o presidente da Ucrânia, mas é preciso, sobretudo, convencer os países que estão fornecendo armas e incentivando a guerra a pararem, porque eu acho que, quando se começa uma briga – a gente fala em guerra, mas poderia ser uma briga de rua, poderia ser uma greve – é preciso começar e saber como parar. E muitas vezes a gente não sabe como parar. E acho que nós estamos numa situação em que acho que os dois países estão com dificuldades de tomar decisões. Se os dois países estão com problema de tomar decisões, eu acho que é preciso que terceiros países que mantenham relação com os dois criem as condições de termos paz no mundo. Nós não precisamos de guerra. Eu acho que isso foi possível nessa conversa, a gente aprofundar”, destacou o presidente brasileiro.

 

 

Em seu encontro com o presidente do China, Xi Jinping, Lula conversou longamente com o líder chinês sobre a construção da paz. 

“Eu tenho uma tese que eu já defendi com o (Emmanuel) Macron, com o (Olaf) Scholz da Alemanha, com o (Joe) Biden, e ontem discutimos longamente com Xi Jinping. Ou seja, é preciso que se constitua um grupo de países disposto a encontrar um jeito de fazer a paz. Ou seja, eu conversei isso com os europeus, conversei isso com os americanos e conversei ontem. Ou seja, quem é que não está na guerra que pode ajudar a acabar com essa guerra? Somente quem não está defendendo a guerra e que pode criar uma comissão de países e discutir o fim dessa guerra”, disse

Obviamente que as declarações de Lula e sua atuação para construir a paz entre a Ucrânia e a Rússia iriam causar reações dos órgãos europeus e da Casa Branca. Mas também despertou atenção e interesse do Kremlin.  


Plano de Lula "merece atenção" 

 


Em entrevista à Bloomberg, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou nesta terça-feira (18)  que "qualquer ideia que leve em conta os interesses da Rússia merece atenção e certamente precisa ser ouvida", disse em referência a Lula. 

A Bloomberg também revelou que o presidente da França, Emmanuel Macron, estaria costurando um diálogo com a China para elaborar um plano que pudesse ser usado como base para negociações entre os dois lados. 

No entanto, o Kremlin declarou que ainda não foi procurado pelo governo França.  “Não temos conhecimento da existência de nenhum plano francês, não recebemos nada do lado francês”, disse Peskov.


Lavrov no Brasil 


Em entrevista ao Fórum Onze e Meia desta segunda-feira (17), o editor da Autonomia Literária, Hugo Albuquerque, afirmou que a presença de Sergei Lavrov no Brasil precisa ser levada em consideração. 

“Tem que se entender quem é Lavrov. Ele é um dos homens fortes do Putin. O Lavrov é um co-dirigente do partido do Putin”, explica Albuquerque. 

Nesta terça-feira (18), Lavrov reafirmou o apoio da Rússia para que o Brasil tenha uma cadeira permanente no Conselho de Segurança na ONU. 

"Como parte de nosso esforço comum para promover uma reforma equitativa dos mecanismos e instituições de governança global, vamos trabalhar de perto na ONU, em seu Conselho de Segurança, onde o Brasil é atualmente um membro não-permanente", declarou Lavrov em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (17). 


Diplomacia ucraniana convida Lula para visitar o país 

 

O porta-voz da diplomacia da Ucrânia, Oleg Nikolenko, criticou as recentes declarações de Lula sobre a guerra e reforçou o convite para que o mandatário visite o país. 

"Reiteramos o nosso convite a Luiz Inácio Lula da Silva para visitar a Ucrânia para compreender as verdadeiras causas e natureza da agressão russa e as suas consequências para a segurança global", declarou Nikolenko. 

 

Lula abre caminho para a paz? 

 

Todo este contexto mostra que a postura de Lula em pregar uma solução que dê fim à guerra entre a Rússia e a Ucrânia já deu certo em um aspecto: mobilizou governos e líderes de todos os continentes a olharem de outra forma para a guerra em curso. 

O caso mais notório é do presidente da França, Emmanuel Macron, que já dá sinais de que vai embarcar na tese de Lula e costurar diálogos com a China no mesmo sentido que do mandatário brasileiro.