SABESP

Guerra da Água: a revolta popular contra privatização da água que mudou a Bolívia

Há duas décadas, população conseguiu reverter sanha privatista com revolta que parou o país

Revolta da água de Cochabamba reverteu privatizações e derrubou popularidade de Hugo BanzerCréditos: Aldo Cardoso
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Nesta semana, o governo Tarcísio de Freitas, junto com a sua base na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), conseguiu aprovar, a toque de caixa, a privatização da Sabesp.

A privatização, considerada um ataque direto contra o saneamento paulista e ao bem estar da população, causou revolta na oposição.

Manifestantes foram agredidos duramente pela Polícia Militar por protestar na Alesp durante a votação, e duas pessoas seguem presas até o momento.

as um exemplo histórico de revolta contra a privatização marcou a história dos movimentos sociais na América Latina: a Revolta da água da Bolívia de 2000.

O que foi a Guerra da Água?

A Guerra da Água na Bolívia em 2000, também conhecida como a Revolta da Água, foi um conflito social e político que ocorreu na cidade de Cochabamba, na Bolívia, de janeiro a abril de 2000.

Este evento foi desencadeado pela privatização do sistema de água na região, que foi concedido à empresa dos EUA Bechtel através de um contrato que dava superpoderes aos estadunidenses.

O governo boliviano, sob a presidência de Hugo Banzer, - um ditador neoliberal - concedeu a concessão para a gestão da água de Cochabamba à Bechtel em 1999.

A empresa aumentou drasticamente as tarifas de água, o que gerou forte reação por parte da população, principalmente dos setores mais pobres.

Os protestos começaram a ganhar força em janeiro de 2000, quando milhares de pessoas saíram às ruas para se opor ao aumento das tarifas e à presença da empresa estrangeira no fornecimento de água.

Os protestos foram marcados por confrontos violentos entre os manifestantes e as forças de segurança. O movimento de resistência foi liderado por uma coalizão de grupos, incluindo sindicatos, organizações de base, povos indígenas e movimentos sociais.

O governo boliviano declarou estado de emergência em fevereiro, mas a pressão popular continuou a crescer. O Banco Mundial chantageou Banzer, afirmando que não concederia empréstimos à Bolívia caso a água não fosse privatizada.

A revolta popular continuou, e em abril de 2000, o governo cedeu à pressão popular e cancelou o contrato com a Bechtel, revertendo a privatização do sistema de água. 

A história é muito bem contada no filme "Conflito das Águas" (También la lluvia), que foi lançado em 2010, e no documentário "Bolivia, la guerra del Agua" de Carlos Pronzato.

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