CONFLITO ENTRE HAMAS E ISRAEL

Gaza em crise: guerra deve agravar fome e pobreza extrema na região

Só no primeiro dia do conflito, Israel cortou a energia elétrica do território palestino, deixando milhares sem luz

Crise humanitária em Gaza pode se agravar com conflito.Créditos: hosnysalah/Pixabay
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"Esse é um precipício perigoso e apelo para que todos deem um passo para longe do abismo", lembrou Tor Wennesland, coordenador da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Processo de Paz no Oriente Médio. Segundo a organização, em Gaza, onde a maioria da população é composta por refugiados palestinos, a taxa de pobreza atinge 81,5% da população.

Com um PIB per capita de apenas US$ 1 mil por ano, a região tem uma economia quatro vezes menor em relação a seus países vizinhos e à Cisjordânia. As agências humanitárias da ONU alertaram para os fatores que influenciaram no agravamento da situação. "Essa terrível situação foi agravada por repetidos ciclos de hostilidades, tensões e violência exacerbadas, instabilidade política e a pandemia da COVID-19”.

Agora a população do território palestino enfrenta um período de incerteza sobre a situaão humanitária com a iminência da guerra entre Hamas e Israel. Como consequência, Israel cortou o abastecimento de energia para a região, deixando milhares sem eletricidade. A situação em Gaza se agrava ainda mais após as agências da ONU serem forçadas a suspender, desde ontem, serviços essenciais pra o local como distribuição de alimentos, fornecimento de água e coleta de lixo.

De acordo com a organização, mais de 40 escolas fecharam suas portas e pelo menos 20 mil pessoas buscaram abrigo em suas instalações. A entidade pediu US$ 344 milhões à comunidade internacional para ajudar os palestinos este ano, mas recebeu menos de um quinto desse valor, sugerindo que muitos doadores abandonaram a população de Gaza.

Segundo Wennesland, "juntos, esses fatores desestabilizaram a vida de indivíduos e comunidades e aumentaram ainda mais as dificuldades que eles estão enfrentando. Tendo testemunhado mortes, ferimentos e danos ou perda de propriedade causados por quatro grandes rodadas de violência nos últimos 16 anos, muitos habitantes de Gaza - especialmente crianças - apresentam sinais de trauma", diz ao destacar o bloqueio de Israel feito há 16 anos na região.

Ao todo, dois milhões de habitantes passam fome e pobreza extrema. Antes dos ataques de sábado, a ONU já havia emitido um alerta de que Gaza estava em ‘suporte de vida’, com uma esmagadora maioria de 80% da população dependendo de ajuda humanitária. Três quartos dos habitantes de Gaza dependem de assistência alimentar emergencial e, apesar desse auxílio, a taxa de insegurança alimentar grave não abaixava.

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS)"a população de Gaza esgotou todos os seus mecanismos financeiros de enfrentamento e a ajuda humanitária é sua principal salvação, mas não é uma solução de longo prazo".

Em 2021, o território enfrentou uma taxa de desemprego alarmante de 47%, afetando 64% dos jovens. A situação dos refugiados palestinos também piorou: em 2000, apenas 80.000 refugiados recebiam assistência alimentar da UNRWA, a agência da ONU para os refugiados palestinos. No entanto, esse número aumentou para 1,1 milhão, o que representa um aumento de 1.324%.

A infraestrutura de água de Gaza também sofreu muitos danos. Entre 2007 e 2022, 292 poços de água usados para consumo doméstico e irrigação foram danificados ou destruídos pelas forças de segurança israelenses. Como resultado, 81% da água extraída dos aquíferos de Gaza não atende aos padrões de qualidade da água da OMS.