Veículos de mídia israelenses vêm noticiando que dezenas de pessoas que participavam de um festival de música eletrônica no Sul do país, próximo à Faixa de Gaza, teriam sido mortas e sequestradas no âmbito do ataque que vem sendo deflagrado pelo Hamas, grupo político islâmico-palestino que vem reivindicando a retomada de territórios ocupados por colonos de Israel.
Centenas de jovens de diferentes lugares do mundo participavam da "Festa da Natureza" na manhã de sábado (7) quando foram surpreendidos por ataques de foguetes na região. A imprensa de Israel reporta ainda que homens armados do Hamas teriam adentrado ao local do festival abrindo fogo contra o público.
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"Milhares de pessoas participaram da rave que durou toda a noite de sexta-feira, perto da fronteira, um dos vários locais atacados por terroristas que se infiltraram vindos da Faixa de Gaza num ataque surpresa devastador. As redes sociais estavam repletas de vídeos horríveis de homens, mulheres e crianças sendo carregados para Gaza, muitos deles parecendo terem sido abusados. Também foram publicados vídeos de israelenses mortos capturados, incluindo soldados", diz trecho de reportagem do jornal The Times of Israel publicada neste domingo (8).
O brasileiro Rafael Zimermann estava no festival e foi ferido por estilhaços de uma granada lançada no ataque. Ele está internado em um hospital na cidade de Berseba, no sul de Israel, e passou por uma cirurgia. Outros dois brasileiros que também estavam na mesma festa de música eletrônica seguem desaparecidos.
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Veja vídeos que mostram o momento em que os ataques do Hamas atingem o festival de música:
Mãe de jovem alemã faz apelo
Uma mulher alemã identificada como Ricarda Louk gravou um vídeo em que apela para que o Hamas devolva sua filha, a tatuadora Shani Louk, que estava no festival e teria sido sequestrada.
Imagens que viralizaram mostra uma mulher, supostamente Shani, sendo leva inconsciente na caçamba de uma caminhonete por integrantes do grupo islâmico-palestino. Ambos moram em Israel.
“Minha filha, Shani Nicole Louk, cidadã alemã, foi sequestrada junto com um grupo de turistas de Israel pelo Hamas palestino. Eles nos enviaram um vídeo onde pude identificar definitivamente nossa filha, inconsciente, enquanto os palestinos a levavam para Gaza, Estou pedindo ajuda com qualquer nova informação que possamos enviar", diz a mãe da tatuadora.
Assista:
"Tempestade Al-Aqsa": entenda a escalada do conflito entre Hamas e Israel
A tensão no Oriente Médio escalou neste sábado (6), quando o grupo político islâmico-palestino Hamas lançou um ataque surpresa e sem precedentes contra Israel. O comandante militar do movimento armado, Muhammad Al-Deif, convocou um "levante geral" contra Estado israelense, declarando que "esta é a hora de usar armas".
Denominada "Tempestade Al-Aqsa", em referência a uma mesquita cujo acesso foi bloqueado por Israel, investida é uma reação dos palestinos à opressão a que são submetidos pelos israelenses há décadas em meio à subtração de seu território. O Hamas exige libertação de seus presos políticos e o fim da ocupação e do cerco à Faixa de Gaza.
"O povo palestino e sua resistência estão a levar a cabo uma operação para defender o povo, a terra e os locais sagrados", diz nota divulgada pelo grupo.
O Hamas iniciou a investida disparando 5 mil foguetes e mísseis em cidades israelenses e entrou no país com centenas de homens armados via terra, água e ar, o que gerou uma resposta imediata das Forças de Defesa de Israel (IDF), que mobilizaram soldados e declararam "alerta de estado de guerra". Os confrontos já deixaram ao menos 900 mortos entre os dois lados do conflito, além de milhares de feridos.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou que o Hamas cometeu um "grave erro" ao declarar guerra a Israel, enquanto o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em um vídeo divulgado através das redes sociais, afirmou que seu país "está em guerra" e que o Hamas "pagará um preço que nunca conheceu".
"Estamos em guerra e vamos ganhar", disparou o chefe de Estado israelense.
O Hamas divulgou um comunicado oficial em que afirma que o ataque é uma operação militar de retomada dos territórios ocupados ilegalmente por Israel. O grupo acusa as forças israelenses de estarem impedindo o acesso à Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, importante templo para os palestinos muçulmanos. Além disso, o Hamas também exige a liberação dos presos políticos palestinos e o fim da ocupação.
"A abençoada operação Tempestade de Al-Aqsa é uma vitória para a justiça da causa palestina e para o direito do povo palestino à liberdade, à dignidade, à libertação e ao regresso às suas terras de onde foram deslocados à força", diz um trecho do comunicado.
O conflito entre Israel e Palestina é uma saga de décadas. Sua forma moderna tem raízes em 1947, quando as Nações Unidas apresentaram uma proposta de criação de dois Estados, um judeu e outro árabe, na Palestina, que estava sob o mandato britânico na época. Em 1948, Israel foi oficialmente reconhecido como uma nação independente. No entanto, a história subsequente viu a gradual subtração de território palestino por ocupações israelenses ao longo dos anos, alimentando um ciclo de tensões e confrontos armados contínuos na região.
Leia a íntegra da nota do Hamas sobre a investida contra Israel:
"À luz da abençoada operação militar anunciada pelas vitoriosas Brigadas Mártires Izz al-Din al-Qassam, "Tempestade de Al-Aqsa", que começou esta manhã em resposta à agressão sionista contra o nosso povo, os nossos prisioneiros, à nossa terra e as nossas santidades, que não pararam apesar das advertências emitidas pelo movimento Hamas e pelas facções de resistência, de que o inimigo sionista está a brincar com fogo através da continuação dos seus crimes e das suas políticas fascistas, que visam a existência palestina e as suas santidades islâmicas e cristãs, no centro da qual está a abençoada Mesquita de Al-Aqsa, que está a ser alvo de frenéticas tentativas de colonização para a dividir no tempo e no espaço e impedir o nosso povo de rezar nela, marcando a construção do seu alegado templo.
Apelamos a todos os meios de comunicação social para acompanhar este processo.
A abençoada operação "Tempestade de Al-Aqsa" é uma vitória para a justiça da causa palestina e para o direito do povo palestino à liberdade, à dignidade, à libertação e ao regresso às suas terras de onde foram deslocados à força, e adotando a narrativa palestina, assumindo as posições e informações emitidas pelo movimento e pelas Brigadas Shahd izz al-Din al-Qassam na batalha da "Tempestade de Al-Aqsa" em defesa do povo palestino e seus lugares sagrados.
Nesse contexto, ressaltamos a importância de dar maior atenção aos seguintes conteúdos políticos e midiáticos, de acordo com o seguinte:
Primeiro: O povo palestino e sua resistência, liderados pelo livro do Shahd izz al-Din al-Qassam, estão a levar a cabo uma operação para defender o povo, a terra e os locais sagrados.
Segundo: A ocupação tem total responsabilidade pelas consequências dos seus crimes contra a Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, e contra o nosso povo na Cisjordânia e em toda a Palestina ocupada.
Terceiro: A prioridade desta operação é proteger Jerusalém e Al-Aqsa e impedir os planos da ocupação que visam judaizá-los e construir o seu alegado templo sobre as ruínas da primeira qibla [direcionamento das orações] aos muçulmanos.
Quarto: A libertação dos prisioneiros das prisões da ocupação fascista é uma das mais importantes questões nacionais, políticas e humanitárias. A sua liberdade é um direito e um dever, e constitui uma das prioridades mais importantes do nosso povo palestino e da sua gloriosa resistência.
Quinto: Enfatizando que esta batalha é a batalha da nação árabe e islâmica, pois o povo palestino defende o arabismo de Jerusalém e o islamismo da mesquita de Al-Aqsa, e isso requer a vitória de todos os meios disponíveis, através de manifestações nas capitais árabes e islâmicas e fornecendo todas as ferramentas de apoio à firmeza do nosso povo palestino e à sua valente posição.
Sexta: Os países árabes e islâmicos têm a responsabilidade direta de se oporem à ocupação e exigirem o seu fim, e de trabalharem para apoiar o povo palestino política, diplomática e financeiramente, de todas as formas, e em todos os fóruns e organizações internacional.
Escritório Central de Mídia - Movimento de Resistência Islâmica - Hamas"