O julgamento de Daniel Alves, acusado de estupro contra uma jovem espanhola de 23 anos no banheiro da boate Sutton em Barcelona, na Espanha, começou nesta segunda-feira (5). Na primeira sessão foram ouvidas as teses de defesa e acusação e os depoimentos da vítima, das amigas que a acompanhavam e de funcionários da boate onde ocorreram os fatos. Ao todo, 28 testemunhas serão ouvidas entre hoje e quarta-feira (7).
O segundo dia de julgamento, 6 de fevereiro, marcará a escuta das outras 22 testemunhas. Já a sessão final, no dia seguinte, prevê o depoimento do próprio Daniel Alves e a entrega de relatórios de perícias, investigações e conclusões das partes.
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Passados os três dias, a juíza do caso, Isabel Delgado Perez, elaborará sua sentença, sem prazo para conclusão. O jogador permanecerá preso durante todo esse período. No mês de novembro, o Ministério Público protocolou o pedido para que o brasileiro pegue 9 anos de prisão, caso ele seja considerado culpado e, assim, condenado.
Mas os advogados da vítima não ficaram satisfeitos e reivindicam que o jogador receba a pena máxima pelo crime de estupro na Espanha, que é de 12 anos de cadeia. Além disso, exigem indenização de 150 mil euros (R$ 800 mil) pelos danos físicos e psicológicos causados à mulher.
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O lateral direito está preso desde janeiro de 2023 e a expectativa é de que seja condenado, dado o histórico do caso publicado na imprensa internacional. Confira a seguir o que aconteceu no primeiro dia de julgamento.
Defesa de Dani Alves
Inés Guardiola, a advogada de Daniel Alves, começou sua exposição tentando anular o processo. Ela alega que seu cliente já era investigado mesmo antes de ter sido notificado a esse respeito e que, num contexto de ampla exposição midiática, foi desfavorecido no decorrer do processo legal.
Segundo seu argumento, a cobertura midiática foi decisiva para negar a seu cliente a “presunção de inocência”, uma vez que foi apontado como um predador sexual pelos meios de comunicação de forma a influenciar o processo e a percepção do público a seu respeito.
Ela ainda questionou o anonimato garantido à vítima. Segundo seu argumento, entende-se que ela esperava que o seu cliente – a despeito de ser ídolo do clube local e da seleção brasileira – também tivesse a identidade preservada.
Vítima, prima e amiga
De acordo com o protocolo de proteção da identidade da vítima, todos os presentes se retiraram do tribunal para ela entrar e dar o seu depoimento. Também foi separada do lateral direito por um biombo que impedia qualquer contato visual.
Ela falou por cerca de 1 hora e 15 minutos e reafirmou ter sido vítima de um estupro por parte de Daniel Alves em 30 de dezembro de 2022. Logo em seguida foi ouvida uma amiga dela, que chorou durante o depoimento ao ser repetidamente questionada pela defesa do jogador.
Segundo seu relato, a vítima foi encontrada “chorando inconsolavelmente” num canto da boate. Ela disse que nunca a tinha visto chorar daquela maneira e que repetia ter sido “machucada” por Daniel Alves. Seu relato foi endossado, mais tarde, pelo depoimento de uma prima da vítima que também esteve na boate.
A prima contou que o jogador insistia em levar a vítima para um lugar da festa e que ela não estava aceitando o convite. Daniel então entrou pela referida porta, que a vítima não saberia onde dava. Foi a própria prima quem a incentivou a falar com o atleta. Relatou que ficaram lá por cerca de 15 minutos e que, quando a porta se abriu, apenas o lateral direito saiu. A vítima, por sua vez, permaneceu no local, chorando. Mais tarde contaria ter sido estuprada.
Ester García Lopez, a advogada da vítima, apresentou logo em seguida um documento comprovando que sua cliente está afastada do trabalho por complicações psicológicas decorrentes do episódio. Também utilizou entrevistas do atleta, de janeiro de 2023, anteriores à sua prisão, para rebater as alegações de Inés Guardiola.
Lopez ainda expôs a mãe do jogador, que revelou imagens da vítima nas redes sociais e concordou em permitir que o depoimento de Daniel Alves seja colhido apenas no último dia de julgamento.
Trabalhadores da boate
Um funcionário que intermediou as conversas entre as mulheres e o jogador revelou ao tribunal que foi Bruno, um amigo de Daniel Alves, quem indicou quais meninas poderiam ir com o atleta para a área VIP da balada.
Já o porteiro da boate Sutton confirmou que atendeu a vítima logo após o ocorrido e que Daniel Alves passou por eles sem esboçar qualquer reação. O depoimento tem lastro nas próprias imagens de segurança da boate que vazaram para a imprensa meses atrás.