Três jogadoras do Tijuca Tênis Clube (Rio de Janeiro), que disputa a Superliga B de vôlei feminino, denunciaram racismo sofrido por parte da torcida do Curitiba, contra quem jogaram na última sexta-feira (26). As cariocas perderam para as donas da casa por 3 sets a 2. De acordo com a denúncia das atletas, a arbitragem não parou o jogo no momento do ocorrido e sequer registrou as ofensas em súmula.
A ponteira Camilly, a levantadora Thaís Oliveira e a central Dani Suco ouviram os gritos de “macaco” provenientes das arquibancadas e se revoltaram com o fato de a partida não ter sido interrompida. Elas então registraram um boletim de ocorrência após não encontrarem apoio nas autoridades esportivas que cuidavam do evento.
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“As pessoas se acham no direito de nos colocar no lugar de animais. Isso fere muito as nossas almas”, disse Dani Suco à Globo.
A partida foi realizada no ginásio do Clube Militar do Paraná. Ao ouvirem os gritos as atletas dizem que comunicaram a arbitragem, que nada fez.
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“Quando acontece esse tipo de coisa, o pensamento é: ‘o que eu faço, com quem eu falo, será que vai ser resolvido?’ Após o jogo fomos ao delegado da partida e ele só disse que tentou identificar quem eram. Sentimos medo. Será que poderíamos sair da quadra? Ou os torcedores iriam partir pra cima de nós?”, questionou Camilly.
A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) divulgou uma nota pública em que repudia qualquer “tipo de preconceito ou ato discriminatório” e afirma estar juntando material sobre a ocorrência para encaminhar aos órgãos competentes. Entre os órgãos citados na nota estão Ministério Público, Polícia Civil e o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
“A CVB repudia e não admite qualquer tipo de preconceito ou ato discriminatório, e entende que o esporte é uma ferramenta para propagação de valores como o respeito, a tolerância e a igualdade. Como a CBV não tem poder punitivo e nem de polícia, está fazendo o levantamento do material comprobatório - imagens do jogo, súmula, relatório do delegado da partida e manifestações de atletas e clubes envolvidos. Este material será encaminhado aos órgãos competentes (principalmente Ministério Público, autoridade policial, STJD e Comitê de Ética), para que sejam tomadas todas as medidas cabíveis no âmbito esportivo e perante o poder público e demais instâncias. A CBV acompanhará os desdobramentos do caso e não medirá esforços para que todos os responsáveis sejam identificados e punidos”, diz a nota da entidade.
Os clubes também se manifestaram nas redes sociais. Por um lado, o Curitiba disse que “até o momento não pôde constatar a ocorrência” por parte dos seus torcedores, mas repudia atos de racismo de maneira geral. Por outro lado, o Tijuca também lamentou e repudiou o ocorrido e prometeu tomar medidas para “erradicar o racismo e garantir um ambiente seguro”.