VAGA DE TRABALHO?

Exigência misógina e racista em anúncio de emprego revoltou a Bahia

A divulgação do “processo seletivo” foi feita pelo dono da loja, localizada em Caetité, no sudoeste do Estado; Reação de internautas o fez apagar a publicação

Print do anúncio publicado no Instagram do proprietário da loja.Créditos: Reprodução /Instagram
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Não é novidade vermos os ditos ‘empreendedores’ brasileiros divulgando vagas de emprego absurdas, com cargas horárias dignas do período colonial e escravocrata, excesso de tarefas e, é claro, remuneração baixíssima. Não raro os anúncios fazem exigências a respeito das características físicas e da vida pessoal dos trabalhadores, o que não é permitido pela lei brasileira.

E foi exatamente um desses anúncios que desde a última quinta-feira (25) vem causando revolta nas redes sociais. A vaga de emprego foi publicada por Edis da Silva Ribeiro, proprietário da SD Presentes, em Caetité, no sudoeste da Bahia.

No texto ele diz procurar uma funcionária maior de 18 anos, com ensino médio completo, oferece contrato de 2 anos e salário superior ao mínimo. Até aí tudo normal. O que revoltou os internautas vem a seguir.

“Solteira, sem filho, que se declara de cor branca, expressiva, gentil e dócil”, diz o anúncio no Instagram do homem que tenta traçar o perfil da candidata desejada.

Não precisa nem explicar a razão pela qual o anúncio foi taxado como racista e machista. A publicação viralizou nas redes sociais, causando revolta nos usuários e fez com o que seu autor a apagasse. Mas o print é eterno e a conduta está amplamente divulgada nas redes.

Agora a Comissão Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Caetité está na cola do empreendedor. “[O órgão] vem a público repudiar todo e qualquer ato ou ação de intolerância, discriminação, preconceito, ou quaisquer outros atos que atentem contra a honra e a dignidade da pessoa humana, bem como para reafirmar o seu compromisso com a promoção da igualdade racial, zelando pela defesa do povo caetitense e pelo enfrentamento de toda força de intolerância ou tentativa de supremacia racial praticada contra quem quer que seja”, diz nota da entidade.

À Folha o órgão revelou que se reunirá na próxima segunda-feira (29) com o Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres para debater a realização de uma denúncia formal do Ministério Público. De acordo com o presidente da entidade, a conduta é tão amplamente reprovável que a loja sequer abriu na última sexta-feira. A conta de Edis da Silva Ribeiro também foi deletada do Instagram.

Reprodução/Instagram