REPUGNANTE

Minas Gerais: Autor de ofensas racistas contra vizinha é identificado

De acordo com o boletim de ocorrência registrado na delegacia de Boa Esperança, o homem é reincidente e já havia feito insultos semelhantes ao síndico do prédio

Célio Donizeti Custódio Sobrinho, de 53 anos, que fez ofensas racistas a vizinha em Nova Esperança-MG.Créditos: Reprodução /Redes Sociais
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A Polícia Civil de Nova Esperança, em Minas Gerais, identificou neste sábado (27) Célio Donizeti Custódio Sobrinho, de 53 anos, como o autor das agressões racistas contra uma vizinha de 44 anos que viralizaram nas redes sociais e causaram a revolta, não apenas da vítima, mas de internautas de todo o Brasil.

De acordo com depoimento dado pela vítima à polícia, outros vizinhos fizeram reclamações de barulho vindos da residência de Célio. Insatisfeito, resolveu tirar satisfação com uma vizinha que sequer havia reclamado. Ele foi até a porta da sua casa e gabaritou ofensas de ódio, misóginas e racistas.

“Eu via muito ódio nele. Eu louvo a Deus e agradeço o tempo todo porque ele se aquele portão tivesse aberto, certamente eu não estaria sentada aqui”, disse Keila Aparecida Ribeiro, a vítima, para a EPTV, afiliada da Globo na região.

De acordo com o boletim de ocorrência registrado na delegacia de Boa Esperança, o homem é reincidente e já havia feito insultos semelhantes ao síndico do prédio. A vítima está com medo de represálias do vizinho e saiu de casa. Ela estaria ficando com parentes e amigos, em outros endereços. Já o autor das ofensas, por meio de uma funcionária, teria se comprometido a se pronunciar publicamente sobre o episódio, mas ainda não o fez.

“Eu tive que sair de dentro da minha casa, porque a vítima sou eu. Eu tive que deixar a minha casa, tirar minha filha dos brinquedos dela. Eu tive que sair da minha comodidade porque corro risco”, disse Keila.

Caso a polícia e a Justiça concordem com a tese da vítima de que as injúrias se enquadram como racismo, o homem poderá ser preso sem ter direito a fiança. Logo após o ocorrido, a polícia ouviu o agressor, a vítima e uma testemunha. O trio foi liberado logo em seguida, mas as investigações continuam.

O que aconteceu

Um caso repugnante de ofensas racistas feitas por um homem contra uma mulher negra no município de Boa Esperança, em Minas Gerais, vem gerando revolta nas redes sociais.

Nas imagens, que circulam na internet desde sexta-feira (26), o homem, totalmente descontrolado, xinga, diante de um portão, a mulher de "preta", "macaca", "imunda", "vagabunda", entre outros termos pejorativos e racistas, enquanto ela registra a cena com um celular. 

As agressões teriam se iniciado após vizinhos, supostamente, reclamarem do barulho que os cachorros do homem estariam fazendo. Ele teria achado que a mulher fosse uma das pessoas reclamando e, então, passou a insultá-la. 

Enquanto a vítima filmava as ofensas, o homem, certo da impunidade, ironizava, dizendo "ai que medo". Em dado momento, ele passa, inclusive, a fazer ofensas de cunho sexual: "Vai dar o c*! Qual macho vai querer comer esse c* sujo", disse. 

É possível ouvir ainda, no vídeo, o barulho de uma criança chorando - a filha de 4 anos da mulher agredida.

"O senhor está assustando minha filha. Minha filha é só uma criança, viu?".

A Polícia Militar foi acionada e levou para a Delegacia da cidade o autor das ofensas, a vítima e uma testemunha. Os três foram ouvidos e liberados logo em seguida.

Informações preliminares que circularam nas redes sociais, não confirmadas, dão conta de que o homem teria alegado que foi vítima de homofobia. Segundo a polícia, que promete investigar o caso, ele disse ter reagido a ofensas da mulher.

“Nós também pegamos o vídeo para análise. O autor falou que apresentará outros vídeos também onde ele se diz vítima. Ele tem direito de apresentar o vídeo dele. E, ao final, sem dúvida nenhuma o vídeo deixa claro o crime que ele cometeu, ele vai ser sim responsabilizado. O autor cometeu um crime, um crime hediondo, um crime ridículo e ele será sim responsabilizado nos termos da legislação”, disse à EPTV, afiliada da Globo na região, o delegado Alexandre Boaventura.

Veja vídeos que mostram as agressões racistas