ESCÂNDALO

Golpistas da máfia de apostas projetavam ganhar “um milhãozinho” no fim de semana

Mensagens de Bruno Lopez, suposto chefe do esquema, destacam a possibilidade de ganhar até R$ 1,5 milhão em cada rodada dos campeonatos

A máfia das apostas movimentava muito dinheiro.Créditos: Reprodução/Ministério Público
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Áudios obtidos pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) apontam que golpistas envolvidos no esquema de manipulação de resultados no futebol projetavam ganhar R$ 1,5 milhão por fim de semana.

O suposto chefe da quadrilha, Bruno Lopez, enviou mensagem em um grupo de WhatsApp em que diz: “Se a gente trabalhar com dois dá pra fazer pelo menos um milhãozinho, um milhãozinho e meio. Paga cem mil pros cara, nóis conta um milhão. Um milhão no final de semana”.

O MP-GO, que investiga a máfia de apostas junto com a Polícia Federal (PF), afirmou que os grupos do WhatsApp eram utilizados para planejar as estratégias das fraudes sem despertar atenção das casas de apostas.

Em outra conversa, Bruno Lopez fala com Thiago Chambó, também denunciado, a respeito da possibilidade de obter R$ 2 milhões em um esquema envolvendo atletas. “Era operação com seis jogadores, pra bater dois milhão”, afirmou.

As autoridades também encontraram no celular de Romário Hugo dos Santos, conhecido como Romarinho, outro denunciado, inúmeras fotos com grande quantidade de dinheiro, informou o Metrópoles.

Bruno Lopez e seu histórico de golpes

Bruno Lopez, de 29 anos, é o homem apontado pelo MP-GO como um dos líderes do esquema criminoso que alicia jogadores de futebol para, mediante pagamento, produzirem registros específicos nas partidas, a fim assegurar lucros em apostas esportivas. Mas não é apenas nesse novo escândalo que Lopez está envolvido.

Ele responde a pelo menos quatro processos nas justiças de São Paulo e do Rio de Janeiro referentes a acusações de golpes financeiros.

Em um deles, comprou um pequeno negócio - um salão cabeleireiro - em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, por R$ 40 mil. Mas só pagou 10% do valor combinado e a antiga proprietária lhe cobra os R$ 35,4 mil que restam.

Com o acréscimo de juros e honorários, o valor devido subiu para R$ 44 mil. Em fevereiro passado, o juiz do caso determinou que Lopez fosse citado para se pronunciar sobre a disputa. A vítima alega que tentou resolver o impasse na base do diálogo antes de procurar a Justiça.

No mesmo município, em maio de 2021, o banco Santander recebeu a notificação de uma loja de roupas da cidade, que tem suas contas bancárias na instituição, de que havia registrado movimentações suspeitas.

A loja teria perdido cerca de R$ 100 mil nessas transferências. O banco investigou e chegou ao nome de Lopez, que embolsou R$ 78 mil referentes a esse valor inicial – os outros R$ 22 mil puderam ser devolvidos à empresa.

Neste caso, o Santander foi à Justiça pedir acesso aos dados bancários de Lopez e agora lhe cobra uma indenização de R$ 100,5 mil. No entanto, ele jamais foi encontrado para responder pela acusação.

O terceiro processo diz respeito à venda de produtos na internet por meio da empresa BCB Imports. Um corretor de imóveis alega que pagou R$ 4 mil por um Iphone 11 de 256 GB, mas ao receber o aparelho constatou uma série de defeitos.

Ele pediu a troca do produto, mas após devolver a compra original, afirma que Bruno e seu sócio simplesmente desapareceram. Ele agora cobra R$ 20 mil de indenização por danos materiais e morais.

Por fim, um quarto processo contra Bruno Lopez corre na Justiça do Rio de Janeiro em caso semelhante ao anterior. Um homem alega que comprou uma bolsa da Luis Vitton por R$ 4,6 mil anunciada em conta do Instagram de nome BL Outlet, administrada por Bruno. O produto simplesmente não foi entregue.

A vítima alega que já havia feito compras anteriormente com a página, mas com valores bem menores. Naquelas ocasiões não teria tido problemas. Desde 2019 cobra cerca de R$ 15 mil na Justiça de Bruno Lopez, dívida que quase dobrou devido a juros e correções monetárias. A Justiça decidiu em favor do prejudicado, mas sem conseguir encontrar Lopez, os valores não foram pagos.