ELEIÇÕES 2026

Banqueiro diz que Lula é maior lÍder político da História, mas "mercado quer Tarcísio"

Fundador do banco de investimentos BR Partners, que em 2024 registrou lucro de R$ 193,7 milhões - aumento de 24,9% sobre 2023 -, Ricardo Lacerda confessa que Faria Lima abriu guerra contra Lula para tentar eleger Tarcísio

Lula em entrega de propriedades à população e Tarcísio na entrega de empresas públicas ao "mercado".Créditos: Ricardo Stuckert PR / Marcelo S. Camargo GSP
Escrito en ECONOMIA el

Fundador do banco de investimentos BR Partners, que em 2024 registrou lucro de R$ 193,7 milhões - aumento de 24,9% sobre 2023 -, Ricardo Lacerda afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo nesta sexta-feira (21) que Lula é "a maior liderança política da história do Brasil republicano", mas que o mercado vai apoiar o governador paulista Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), nas eleições presidenciais de 2026.

LEIA TAMBÉM: Haddad diz que não será candidato em 2026 e que Guedes não sofria pressão de bancos sobre "gastos"

"Goste-se ou não dele, Lula é a maior liderança política da história do Brasil republicano. Ele é o único nome da esquerda em condições de chegar competitivo em 2026. Creio que será candidato e será competitivo. Mas precisa trabalhar o eleitor de centro, que fez a diferença em favor dele na última eleição. O país continua dividido, e a centro-direita terá um candidato forte. Devemos ter mais uma disputa acirrada e imprevisível", afirmou.

Em seguida, o banqueiro confessa o que a Fórum antecipou, que a Faria Lima já abriu guerra contra Lula para tentar eleger Tarcísio em 2026.

"A partir das últimas pesquisas o mercado financeiro passou a antecipar a sucessão presidencial do próximo ano. E se animou um pouco com isso", disse, ressaltando que há apostas em "um novo governou" ou "uma guinada do presidente Lula rumo ao pragmatismo", que é praticamente impossível.

Em seguida, Lacerda afirma que "evidentemente que o mercado gostaria de ver o governador Tarcísio de Freitas na disputa".

Eleições 2026 e pressão dos bancos

Em entrevista ao ICL, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que Lula será candidato à reeleição em 2026.

"Eu acredito que o presidente Lula vai chegar muito competitivo em 2026. É de longe o nome mais forte de nosso campo e tem todas as condições de concorrer. E eu vejo ele com plena saúde. Eu despacho com Lula toda semana. Teve o episódio da queda [...] e os médicos disseram que o presidente está apto a governar o país. Eu já disse que não tenho nenhuma pretensão em 2026 de concorrer a nenhum cargo. Declarei isso, já falei para o presidente sobre isso", afirmou.

O ministro ainda rebateu as críticas dos financistas, que pressionam o governo por meio da mídia liberal a fazer um ajuste fiscal, exigindo cortes em investimentos na saúde, educação e até em programas sociais, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e no aumento real do salário mínimo.

Haddad lembrou que com Paulo Guedes no governo Bolsonaro e Henrique Meirelles e Eduardo Guardia na gestão golpista de Michel Temer (MDB) o mercado não exercia pressão sobre as contas públicas, mesmo com déficits recordes.

"Eu acredito que exista hoje um consenso que os 10 anos de déficit fiscal não fizeram bem à economia brasileira. Nós tivemos dois ministros da Fazenda que eram declaradamente de direita. Verifique os déficits públicos que eles produziram. São déficits recordes na História do Brasil. E nem por isso eles sofriam pressão para ajustar as contas - e não ajustaram", afirmou.

No governo Bolsonaro, Haddad lembrou que Guedes "dilapidou o patrimônio público", entregando estatais como a Eletrobras e a BR Distribuidora a amigos para inflar as contas públicas e os lucros das empresas, distribuído a acionistas na bolsa de Nova York.

"[Guedes] Não só dilapidou o patrimônio público, como foram os casos da Eletrobrás e da Petrobrás que foram dilapidadas, como deu calote na dívida pública de precatório. Então, quando você dá calote na bacia das almas para fazer dinheiro rápido, ai não vale porque esse tipo de coisa não é estrutural. Você não consegue doar uma Eletrobrás por ano para agradar os amigos. Porque quando você vende no preço que foi vendida é para agradar alguém. Não tem sentido o que aconteceu", afirmou.

"Se fosse um baita projeto de privatização, que usa o recurso para construir outro ativo, investir em infraestrutura. Não. É uma coisa de dar a mão pela boca, que não resolve o problema estrutural", emendou.

Haddad ainda afirmou que há estudos que comprovam que as agências de risco Moody's, a Fitch e a Standard & Poor's (S&P) - chamadas "The Big Three" -, que compõem um cartel para "análise" das economias dos países em todo o mundo são mais complacentes com governos conservadores.

"Há estudos mostrando que as próprias agências de risco internacionais, e são três as agências de risco, são mais permissivas com governos conservadores do que com governos que procuram preservar a questão social, a proteção dos mais vulneráveis, que dependem mais do Estado para se emancipar".

Por fim, Haddad ainda afirmou que tanto ele quanto Lula sabiam o que estariam enfrentando após o presidente vencer a eleição para seu terceiro mandato.

"Ficar reclamando disso não é bom. Ninguém de nós é ingênuo para saber o desafio que estava sendo colocado ao presidente Lula".
 

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar