Após minimizar os ataques a Lula e ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Gilberto Kassab, presidente do PSD e assessor especial de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), recebeu Jair Bolsonaro (PL) em um almoço sigiloso realizado na ala residencial do Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, onde mora o governador, que não teria participado da conversa. As informações foram divulgados por Gerson Camarotti, da Globo, em seu blog no G1.
ENTENDA
Recado ao Kassab: o que Haddad disse - e o que não disse - sobre as críticas do cacique do PSD
Tarcísio tenta amansar Bolsonaro, que está em fúria contra Kassab
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Interlocutores dos dois caciques teriam classificado a conversa como "boa" e o encontro como um "gesto pragmático".
A alegação seria que Kassab, como presidente de um partido do Centrão, "precisa dialogar com os diversos lados do espectro político". Já os bolsonaristas dizem que o ex-presidente está construindo "pontes" para apoio às pautas no Congresso, como a anistia aos golpistas do 8 de Janeiro.
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O encontro se deu em meio à intensa articulação que Kassab vem fazendo para lançar Tarcísio como candidato à presidência da chamada terceira via, com apoio do Centrão, sistema financeiro e mídia liberal - incluindo o aceno entusiasmado da Globo em razão da privatização da Sabesp.
Em viagem a Nova York no final de janeiro para receber o prêmio “Equity Follow-On of the Year”, concedido pela revista LatinFinance, justamente pela privatização da Sabesp, Tarcísio teria confessado "a pelo menos uma alta autoridade da República" que "admitiu numa conversa privada em Nova York há cerca de dez dias o que nem sob tortura dirá em público neste momento: que deve mesmo ser candidato a presidente em 2026".
Após a confissão de Tarcísio, em encontro com agentes do sistema financeiro em São Paulo, Kassab iniciou os ataques ao governo dizendo que Lula "perderia a eleição se fosse hoje" e que Haddad "é fraco".
"Se fosse hoje [a eleição], o PT não estaria na condição de favorito. Eles perderiam a eleição. Os partidos de centro estão criando uma alternativa para 2026", declarou Kassab.
Em seguida, o assessor de Tarcísio remoeu suas mágoas e atacou Haddad. "O que vemos hoje é uma dificuldade do ministro Haddad de comandar. Um ministro da Economia fraco é sempre um péssimo indicativo".
No Planalto a avaliação foi uma só: as críticas de Kassab a Haddad fazem parte de "um pote até aqui de mágoa" que o presidente do PSD carrega desde 2012, quando o atual ministro da Fazenda venceu José Serra (PSDB) e foi eleito prefeito de São Paulo. E aumentou em 2022, quando Haddad pôs fim a um sonho do atual assessor de Tarcísio - entenda aqui.
Dias depois, Kassab recuou em parte em entrevista ao Estadão dizendo que Lula é "ainda é muito cedo para afirmar qualquer coisa sobre a eleição e ele ainda pode reverter o cenário". "Ele [Lula] é forte”, emendou Kassab.
Com relação à declaração que havia feito sobre Fernando Haddad, Kassab tentou sair pela tangente.
“O que eu disse deu muita repercussão, não era para tanto. Era apenas algo relacionado à postura dele no governo”, disse o cacique do PSD.