Em meio a troca de afagos com Hugo Motta (Republicanos-PB), sucessor de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara, para destruir a Lei da Ficha Limpa e retomar a elegibilidade, Jair Bolsonaro (PL) foi atropelado pelo governador de São Paulo e seu ex-ministro Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), que flerta com o sistema financeiro e a mídia liberal para se lançar candidato à Presidência pela chamada "terceira via" em 2026.
Informações divulgadas neste domingo (9) pelo jornalista Lauro Jardim, um dos principais colunistas do jornal O Globo, confirma que Tarcísio já trata de sua candidatura ao Planalto em 2026 em conversas reservadas com agentes do sistema financeiro.
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A família Marinho, que comanda a estrutura da mídia neoliberal no Brasil, é uma das principais entusiastas da candidatura Tarcísio, ainda mais após a privatização a toque de caixa - e recheada de irregularidades - da Sabesp.
Segundo o jornalista, o ex-ministro de Bolsonaro teria confessado "a pelo menos uma alta autoridade da República" que "admitiu numa conversa privada em Nova York há cerca de dez dias o que nem sob tortura dirá em público neste momento: que deve mesmo ser candidato a presidente em 2026".
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Tarcísio esteve em Nova York no final de janeiro para receber o prêmio “Equity Follow-On of the Year”, concedido pela revista LatinFinance, justamente pela privatização da Sabesp.
Especializada na cobertura do mercado financeiro da América Latina e do Caribe, a publicação concede a "honraria" há 35 anos a governantes que rezem sob a cartilha neoliberal na região, especialmente no que tange à entrega de empresas estatais.
Tarcísio viajou a Nova York acompanhado dos secretários estaduais Rafael Benini (Parcerias e Investimentos), Natália Resende (Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística) e Lais Vita (Comunicação), além do CEO da Sabesp, Carlos Piani.
Segundo informações do próprio governo paulista, nos EUA, Tarcísio teve encontros com banqueiros e agentes do sistema financeiro internacional para "detalhar iniciativas em andamento do portfólio do Programa de Parcerias de Investimentos do Estado de São Paulo (PPI-SP) em diversas áreas".
“Durante a viagem também nos reuniremos com investidores para discutir o andamento projetos de infraestrutura, educação e mobilidade. Há interesse global por investimentos em ativos de longo prazo do estado de São Paulo", disse Tarcísio na ocasião, ao embarcar para São Paulo.
A informação coincide com os ataques desferidos por Gilberto Kassab, presidente do PSD e assessor especial de Tarcísio no governo paulista, a Lula e ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, principal aposta do presidente para sucedê-lo na disputa presidencial em 2030.
Kassab é o principal fiador da candidatura de Tarcísio Gomes de Freitas na mídia liberal, sistema financeiro e no Centrão que, em parte, já abandonou Bolsonaro.
O ex-presidente, por sua vez, afaga Hugo Motta para que o novo presidente da Câmara cumpra a negociata, que lhe garantiu os votos da bancada bolsonarista.
Após dizer que o 8 de janeiro de 2023 não foi uma tentativa de golpe, Motta articula com a bancada bolsonarista a aprovação de um Projeto de Lei do deputado Bibo Nunes (PL-RS), que quer destruir a Lei da Ficha Limpa, impondo um teto de 2 anos de inelegibilidade como pena aos condenados.
Caso o projeto seja aprovado, Bolsonaro estaria apto a concorrer já em 2026. Com a confissão sobre sua candidatura, Tarcísio tenta se antecipar na cooptação de agentes do sistema financeiro.