EUA

A crise silenciosa que Trump pode impor à economia global com nova política de imigrantes

Inflação pode crescer com crise no mercado de trabalho, e medida pode impactar economia mundial

Créditos: Reprodução redes sociais
Escrito en ECONOMIA el

Uma das primeiras ações de Donald Trump após retornar à Casa Branca foi ordenar a agências federais que apresentassem medidas para conter preços aos consumidores. Especialistas, porém, alertam: a política anti-imigração do republicano pode desencadear efeitos opostos, elevando a inflação e desestabilizando setores estratégicos nos EUA, com reflexos globais.

"Reduzir a oferta de mão de obra significa pressionar salários para cima, o que gera pressão inflacionária, especialmente nos preços de alimentos", afirmou Stephen Brown, economista-chefe adjunto da Capital Economics, em entrevista à CBS.

Com 8,3 milhões de imigrantes indocumentados integrando a força de trabalho norte-americana — 20% na agricultura e até 50% em cultivos específicos —, deportações em massa ameaçam setores já fragilizados.

A construção civil, responsável por 2 milhões de empregos informais, e a hotelaria também estão na mira. "Projetos de reforma podem se tornar inviáveis, e restaurantes fecharão por falta de trabalhadores", destacou Brown. David Bier, diretor de estudos migratórios do Instituto Cato, reforça: "Se postos ficarem vagos e a produção não acompanhar a demanda, os preços subirão".

A inflação, no entanto, não seria o único problema. Julia Gelatt, do Migration Policy Institute, ressalta que salários mais altos não atraem trabalhadores norte-americanos para certas funções. "Em vez de aumento salarial, veremos falta de mão de obra para colheitas", explicou.

Enquanto Trump promete "proteger o mercado interno". A política migratória, alinhada às tarifas protecionistas, ignora a interdependência econômica. "Remover imigrantes reduzirá a força de trabalho, elevando preços de alimentos, construções e serviços — justamente o que a população espera ver mais barato", criticou Gelatt.

Se implementada em larga escala, a medida pode exportar crise. Com os EUA como epicentro, tensões em cadeias produtivas e alta de commodities pressionariam economias emergentes, ampliando desigualdades, e importando a inflação para outros países, como o Brasil, através do dólar.

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