CLIMA TENSO

União Europeia responde a ameaças de Trump contra a Groenlândia: "pronta para defender"

Bloco passou do estágio de "choque e negação" e começa a se articular mais intensamente contra as pretensões do presidente dos EUA de anexar o território autônomo da Dinamarca

Bloco de países europeus muda de tom em relação às ameaças feitas por Donald TrumpCréditos: Reprodução/ Globonews
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A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, está fazendo uma turnê europeia para assegurar o apoio dos países do continente contra as reiteradas ameaças feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação à Groenlândia, um território dinamarquês autônomo localizado entre o Atlântico Norte e o Oceano Ártico.  

"Não tenho motivos para acreditar que exista uma ameaça militar contra a Groenlândia ou a Dinamarca", disse a primeira-ministra nesta terça-feira (28), buscando passar uma sensação de tranquilidade, a despeito das declarações de Trump. Mas ressaltou:  "Deve haver respeito pelo território e pela soberania dos Estados. Esta é uma pedra angular absolutamente crucial da ordem mundial internacional que construímos desde a Segunda Guerra Mundial".

O chanceler alemão Olaf Scholz, que se encontrou com a líder dinamarquesa nesta terça-feira (28), destacou que “a inviolabilidade das fronteiras é um princípio fundamental do direito internacional”. E alertou que “as fronteiras não devem ser movidas à força”, dirigindo seu comentário “a quem possa interessar”. 

Ainda que não faça parte oficialmente da União Europeia (UE) como a Dinamarca, a ilha de 56 mil habitantes desfruta de um status especial, com acesso a fundos da UE e liberdade de movimento para os groenlandeses, que são considerados cidadãos do bloco de 27 países.

Além disso, a Groenlândia também é coberta pela cláusula de defesa mútua estabelecida pelos tratados da União Europeia, que garantem que todos os Estados-membros têm uma "obrigação de auxílio e assistência"caso outro Estado-membro seja "vítima de agressão armada em seu território".

"Prontos para defender nosso Estado-membro"

Em Bruxelas, o comissário europeu para a Defesa, Andrius Kubilius, foi assertivo. "Estamos prontos para defender nosso Estado-membro, a Dinamarca", disse.

Na mesma linha, o ministro dos Negócios Estrangeiros dinamarquês, Lars Løkke Rasmussen, descartou categoricamente qualquer possibilidade de anexação da Groenlândia por parte dos EUA, citando nominalmente o presidente norte-americano. “Trump não conquistará a Groenlândia. A Groenlândia é a Groenlândia, e o povo groenlandês é um povo na acepção do direito internacional, protegido pelo direito internacional”, disse ele, que está em Copenhague, capital dinamarquesa.

As declarações representam um tom acima do que os líderes europeus vinham adotando no início das ameaças de Trump. O ponto de mudança foi o compartilhamento de detalhes de uma ligação telefônica de 45 minutos entre o republicano e Frederiksen, realizada cinco dias antes da posse do estadunidense. 

Trump insistiu na conversa em seu desejo de assumir o controle da ilha e Frederiksen respondeu que a Groenlândia não estava à venda. O telefonema foi descrito como "gelado" e "agressivo" pelo The New York Times.

“A situação é realmente séria e todos acham que a reação europeia até agora não tem sido muito crível”, disse um diplomata europeu ao site Politico. “Nós passamos do choque e da negação, agora estamos mudando de marcha.”

Com informações do Euronews

 

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