PETRO X TRUMP

Vitória é de Petro e da América Latina sobre Trump, afirma Amauri Chamorro

Analista internacional defende que posicionamento de Gustavo Petro foi enfrentamento coletivo da América Latina contra Donald Trump

Créditos: Coronades03/Wikimedia Commons
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O analista e consultor internacional Amauri Chamorro comentou o embate entre os presidentes Gustavo Petro, da Colômbia, e Donald Trump, dos Estados Unidos, sobre a deportação de imigrantes do país estadunidense, no programa Fórum Onze e Meia desta segunda-feira (27) 

Neste domingo (26), Petro anunciou que não iria permitir a entrada de aviões militares com imigrantes colombianos vindos dos EUA e que exigia que os deportados fossem tratados com dignidade e respeito. Após o pronunciamento de Petro, o presidente dos EUA anunciou que aplicaria taxas que poderiam chegar a 50% em produtos colombianos caso a Colômbia não aceitasse as medidas de Trump. 

O presidente Petro, porém, não recuou, e publicou um forte texto afirmando que faria o mesmo com os Estados Unidos e que resistiria ao imperialismo e extremismo do presidente dos Estados Unidos. Na publicação, o presidente da Colômbia ainda cita a história de resistência do país e de outros países da América Latina para reforçar postura contrária a Trump. 

Após o embate entre os presidentes, os Estados Unidos e a Colômbia chegaram a um acordo em que o governo estadunidense aceitaria que um avião presidencial colombiano fizesse a deportação dos imigrantes a fim de garantir o respeito aos direitos humanos. Com isso, Trump recuou das sanções.

Segundo o site da Casa Branca, a decisão do acordo foi uma vitória de Donald Trump, assim como repercutiu em muitos veículos midiáticos. Amauri Chamorro, no entanto, afirma que a vitória é, na verdade, não só de Petro, mas também da América Latina contra os extremismos de Trump.

O analista defende que a posição de Petro foi um enfrentamento coletivo da América Latina justamente porque antes do pronunciamento do presidente colombiano, o Brasil se manifestou contra o modo como os imigrantes brasileiros foram deportados, com algemas e correntes, além de terem sido privados, durante o voo, de direitos fundamentais como alimentação. Por meio do Ministério das Relações Exteriores, o governo brasileiro exigiu explicações dos EUA sobre as condições "degradantes" a que foram submetidos os imigrantes.

"É interessante ver o posicionamento do governo dos Estados Unidos, no estilo Trump, e também como a imprensa agarrou isso, que fala que a Colômbia aceitou todas as condições e agora a gente vai deportar. Não é assim. O Petro disse que ele só aceitaria caso os membros da diplomacia colombiana entrassem nos aviões com os deportados e verificassem as condições daqueles deportados para que eles saíssem do país respeitando os seus direitos humanos", diz Amauri.

"A partir disso, se tá tudo 'ok', então tudo bem. Não tem sanção contra os Estados Unidos e a Colômbia também não sancionará os Estados Unidos. Então se cumprirá o acordo e essa é uma vitória do Gustavo Petro, não do Donald Trump", afirma o analista.

Amauri também acrescenta que apesar de haver deportação em massa de imigrantes desde o governo Biden, o que ele considera um "vexame" para os países latinos, o que acontece agora com o governo Trump é um "enfrentamento comunicacional e uma humilhação à América Latina". "Então, o Gustavo Petro teve uma atitude digna em relação ao nosso continente", defende. 

O analista lamenta, porém, que o Brasil não adote uma postura semelhante de bloquear o tratamento dado aos imigrantes pelos Estados Unidos. Ele defende que seria importante que toda a América Latina tomasse a decisão de não aceitar um tratamento que ferisse os direitos fundamentais dos deportados.

"Se a América Latine e o Caribe atuassem de maneira unida seria uma grave derrota ao governo dos Estados Unidos nesse momento", afirma.

Confira a entrevista completa do analista internacional Amauri Chamorro ao Fórum Onze e Meia

 

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