Nesta quarta-feira (15), a companhia aérea Azul e a Abra, holding que controla a Gol, assinaram um memorando de entendimento com o objetivo de estabelecer uma fusão entre as duas.
O acordo ainda depende do andamento da recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos, que deve ser concluída em abril, e, caso a união se consolide, resultará em uma nova empresa com mais de 60% de participação de mercado.
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Segundo informações do Valor Econômico, o documento detalha pontos acerca da governança da nova companhia, que terá três conselheiros indicados pela Azul, três da Abra e outros três independentes. A escolha do presidente do conselho fica a cargo da Abra, enquanto o CEO da empresa será indicado pela Azul.
Assim, o CEO da Azul, John Rodgerson, assumirá a presidência do novo grupo, que deve iniciar suas operações conjuntas em 2026, após a aprovação pelos órgãos reguladores, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Agência Nacional de Aviação (Anac).
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Sem 'voo de galinha'
Considerado mentor da fusão entre Azul e Gol, John Rodgerson já havia cogitado anteriormente uma união com a Latam, que não foi adiante.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, ele aponta que a participação de cada uma das companhias na nova empresa ainda não foi definida. "A ideia é que seja meio a meio, mas dependerá do processo de recuperação e da captação [de recursos novos pela Gol]. Pode ser 70% [Azul], 30% [Gol]. Depois da recuperação, a Gol será uma ótima empresa. A ideia não era sair vencedor, ter 55% ou 45% [de participação]. Todo mundo ficou muito perto da morte desde 2020. O foco está no crescimento e começar a dar resultado", diz ele.
Quando fala em "morte", o executivo se refere à situação difícil pela qual o setor passou durante a pandemia de covid-19. Entre 2020 e fevereiro de 2023, 64 companhias aéreas encerraram as operações em todo o mundo, segundo o site de aviação AllPlane.tv.
Rodgerson revela na entrevista ter conversado sobre a fusão com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, há cerca de oito meses, de acordo com ele.
"Ele [Lula] gosta da ideia de criar uma empresa mais forte no Brasil, porque há muito voo de galinha e isso é muito ruim para os tripulantes, para todo mundo. Juntando, haverá mais oportunidade para comprar mais aeronaves da Embraer, para mais voos regionais, mais voos internacionais. Vai ter gente gritando que isso é ruim, mas eles vão advogar por si mesmos", diz o CEO da Azul.