BIOCOMBUSTÍVEL

Combustível revolucionário pode reduzir até 70% de emissões da aviação

Tecnologia inovadora para a produção de biocombustível a partir de bactérias anaeróbias pode ser solução para emissões do setor aéreo; entenda

Dois aviões comerciais em pista de pouso.Créditos: Pixabay
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Uma aeronave comercial normal emite cerca de 123 gramas de CO2 por quilômetro percorrido. Em 2019, o setor de aviação civil foi responsável por aproximadamente 915 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) emitidas globalmente, de acordo com dados da International Air Transport Association (IATA).

Em 2021, companhias aéreas do mundo inteiro assumiram um compromisso para zerar as emissões de carbono até 2050, durante a 77ª Assembleia Geral da IATA, realizada nos Estados Unidos.

Uma nova tecnologia para a produção de biocombustível pode ajudar esse objetivo a se tornar possível, de acordo com um estudo publicado em abril no ACS Sustainable Chemistry and Engineering

Nele, cientistas explicam como uma tecnologia inovadora é capaz de converter a água suja residual de processos industriais, como a produção de cerveja, e agrícolas, como a produção de laticínios, em SAF (combustível de aviação sustentável). 

Essa nova técnica pode reduzir as emissões totais dos aviões em até 70% em relação ao querosene convencional. 

Hoje, de acordo com o Live Science, combustíveis sustentáveis são menos de 1% das fontes de energia usadas para a aviação, enquanto pelo menos 2,5% das emissões globais de dióxido de carbono provêm do setor.

As opções alternativas de biocombustível costumam utilizar o descarte do óleo de cozinha, mas a nova técnica dos cientistas descrita no ACS seria capaz de aproveitar a digestão de bactérias anaeróbicas, controlada pelo gás metano, em processo desenvolvido no Laboratório Nacional de Argonne. 

No processo, as bactérias são responsáveis por decompor a matéria orgânica, na sua atividade natural de digestão anaeróbica, transformando as águas "residuais" descartadas de atividades de setores produtivos em ácido lático e ácido butírico — que são, por sua vez, transformados em biocombustível sustentável.

Um processo de separação eletroquímica faz, ainda, a separação entre compostos orgânicos residuais presentes no líquido, para que os sólidos indesejados sejam retirados da mistura gerada no processo da digestão anaeróbica.

"Esse método", afirma a Live Science, "permite criar comunidades microbianas robustas que produzem ácido butírico em grande quantidade". 

O objetivo dos cientistas é produzir essa espécie de combustível em larga escala, para cobrir 100% da demanda do setor.

A tecnologia também traz um outro benefício: o tratamento das águas residuais dos processos de produção que, de outra forma, seriam descartadas em locais naturais, prejudicando o balanço dos ecossistemas. 

Essas águas, que contêm matéria orgânica em grande quantidade, além de outros resíduos mais prejudiciais, são capazes de alterar ecossistemas naturais, e não podem ser tratadas com métodos convencionais. 

Portanto, a nova tecnologia auxiliaria no tratamento adequado dessa água ao mesmo tempo em que contribuiria com o setor aéreo.