FRAUDE ALIMENTAR

Os 10 alimentos mais fraudados pela indústria no mundo para lucrar; veja quais

No Brasil, lista tem produtos de consumo diário. Adulteração de produtos alimentícios coloca em risco a saúde pública e é mais comum do que se imagina, mostram estudos

É importante ficar atento aos produtos vendidos nos supermecardos.Créditos: Arquivo/Prefeitura Municipal de Fortaleza
Escrito en ECONOMIA el

Imagine um hambúrguer de carne bovina que, na verdade, contém soja sem aviso no rótulo. Essa fraude, infelizmente, é mais comum do que se imagina e pode ter consequências graves para pessoas com alergias alimentares. A Agência Americana de Alimentos e Medicamentos (FDA) alerta que 1% de todos os alimentos do mundo estão adulterados, causando um prejuízo anual de US$ 40 bilhões (cerca de R$ 216 bilhões) e colocando em risco a saúde pública.

Mas em quais países a fraude é mais frequente? Índia, China, Estados Unidos, Itália e Reino Unido lideram o ranking negativo, enquanto o Brasil se encontra em uma posição intermediária, ao lado de outros países da Europa, Ásia e África, de acordo com pesquisas recentes.

Este ano, outro estudo realizado por especialistas em certificação de cadeias produtivas, publicado no periódico científico Journal of Food Protection, lançou luz sobre a fraude alimentar. O levantamento, meticulosamente elaborado, analisou mais de 15 mil registros públicos relacionados à fraude entre 1980 e 2022 e descobriu que o número de casos apresentou um crescimento preocupante ao longo dos anos, além de identificar os tipos de produtos que são o alvo mais frequente.

Liderada pelas empresas FoodChain ID, Henry Chin and Associates e Moore FoodTech, o projeto contou com a colaboração do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) do Brasil.

Veja a seguir os dez alimentos entre os mais fraudados no mundo:

  1. Ghee (manteiga clarificada)
  2. Vodka
  3. Leite em pó
  4. Cúrcuma em pó
  5. Azeite de oliva sem especificação de qualidade
  6. Pimenta em pó
  7. Carne bovina
  8. Mel
  9. Azeite de oliva extravirgem
  10. Leite de vaca

E no Brasil? 

O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) divulgou um levantamento sobre a fraude alimentar no Brasil em 2023. A análise, realizada por técnicos do ministério, identificou os produtos de origem vegetal e animal mais comumente adulterados. Entre eles, estão:

  1. Vinho;
  2. Café;
  3. Azeite de oliva;
  4. Suco concentrado;
  5. Suco natural;
  6. Vinagre e fermentados acéticos;
  7. Água de coco;
  8. Feijão;
  9. Refrescos e preparados;
  10. Néctar.

Produtos apreendidos em 2023/Quantidade:

  • Azeite de oliva: 131 mil litros apreendidos com indícios de fraude.
  • Água de coco: 66 mil litros apreendidos.
  • Néctar: 59 mil litros apreendidos.
  • Vinho: 57 mil litros apreendidos.
  • Café: 45 mil quilos apreendidos.

O que pode ser considerado fraude?

A fraude alimentar é definida como "uma prática de indivíduos ou indústrias dentro da cadeia agroalimentar com o objetivo principal de obter ganhos econômicos", de acordo com a pesquisadora Aline Silva Mello Cesar, professora do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP).

Essa prática envolve a adulteração de produtos para aumentar o lucro de fabricantes ou comerciantes. Alimentos com alto valor agregado, como mel, azeite de oliva e carne bovina, são frequentemente alvo desses tipos de fraude. Por exemplo, fraudadores podem adicionar xarope de milho ao mel, misturar outros óleos vegetais no azeite de oliva ou incorporar cortes de carne de diferentes espécies, como suínos e aves, à carne bovina.

"A adulteração é a forma mais comum de fraude, onde o fabricante dilui o conteúdo original ou adiciona ingredientes como água e amido para aumentar o rendimento do produto final. E, claro, essas informações não são reveladas no rótulo ou embalagem"

No artigo científico que examinou os alimentos mais fraudados no mundo, os autores também destacam:

  • O uso de aditivos artificiais para alterar a cor e a aparência dos alimentos, como a aplicação de gel para aumentar o tamanho do camarão, por exemplo.
  • A utilização de biocidas proibidos, como agrotóxicos, pesticidas e antibióticos, que não são permitidos em determinadas regiões.
  • A omissão ou falsificação das informações nutricionais — como alegar a presença de ingredientes específicos, não mencionar alimentos transgênicos, declarar erroneamente que o produto é orgânico ou prometer benefícios de saúde milagrosos.
  • A remoção de substâncias e características originais dos alimentos, como compostos de sabor em algumas variedades de pimentas.
  • A combinação de todas essas técnicas fraudulentas.

Veja o estudo completo abaixo.