DESINFORMAÇÃO

Nem de plástico, nem com agrotóxicos proibidos: fake news sobre arroz importado continuam circulando

Nas redes sociais, ainda são disseminadas muitas notícias falsas sobre a importação do grão para suprir o mercado interno brasileiro

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O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) divulgou nota nesta segunda-feira (3) desmentindo mais uma fake news a respeito da compra de arroz importado para abastecer o mercado interno em função da tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul, maior estado produtor do grão.

"Peças de desinformação repercutem a tese inverídica de que o arroz seria importado com agrotóxicos proibidos no Brasil. Desde que foi anunciada para combater a especulação do preço do produto no país, a importação do grão tem sido alvo de narrativas falsas que questionam a qualidade de um produto que sequer foi adquirido ainda", diz o ministério, ressaltando que o edital do leilão de compra determina que o produto será analisado por lote de produção e, caso não se enquadre nos padrões e especificações de qualidade da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), será recusado.

A nota afirma ainda que "a presença de substâncias nocivas à saúde, conforme previsto no Artigo 13 do referido normativo, como resíduos de agrotóxicos que não estejam de acordo com a legislação brasileira, é um fator desclassificante e observado antes da internalização do produto".

Se a carga for considerada imprópria para o consumo, ela é "destinada à destruição ou rechaçada", observa o texto.

As fake news sobre o arroz importado

A postagem de mentiras relacionadas à presença de agrotóxicos proibidos não é a primeira relacionada ao arroz importado, alvo de uma torrente de desinformações nas redes sociais, especialmente no Whatsapp. O governo federal autorizou a Conab a comprar até um milhão de toneladas do grão para assegurar o abastecimento alimentar em todo o território nacional. 

Uma outra narrativa mentirosa, que voltou à tona após o anúncio da importação por parte do governo, já circulava desde 2017 e voltou à tona agora, citando o Paquistão como origem de produto supostamente contaminado. Conforme matéria do Uol, o conteúdo já foi desmentido por agências de checagens ou órgãos governamentais de outros países, como Espanha, Colômbia e El Salvador.

"Além da informação ser falsa, de acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária, a quantidade de arroz importada do Paquistão é bem pequena e representa apenas 0,02% da quantidade importada no último ano: em 2023, o Brasil importou 1,03 milhão de tonelada de arroz de 13 países, totalizando US$ 525 milhões. Do Paquistão, foram importadas somente 261 toneladas, totalizando US$ 456 mil. Cabe ressaltar que esse boato é recorrente e já foi desmentido pelo próprio ministério", pontua nota da Secretária de Comunicação Social do Governo Federal (Secom).

Outro boato se refere a um suposto "arroz de plástico". "O Aviso de Compra Pública divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para aquisição do grão é explícito ao especificar como objeto 'arroz beneficiado, polido, longo fino, Tipo 1, safra 2023/2024'", aponta o governo.

Arroz "fabricado"

Na mesma linha sobre o "arroz de plástico" imaginário, outra fake news semelhante tem circulado a respeito de um produto que seria importado da China, similar ao grão, mas "artificial".

"A China não é um mercado exportador e não houve busca nem da embaixada nem de empresas chinesas interessadas em vender para o Brasil", diz o Ministério da Agricultura e Pecuária ao G1

Na mesma matéria, a Associação Brasileira das Indústrias de Arroz também desmentiu o boato ao afirmar que "não procede a informação de que o Brasil vai importar arroz da China, menos ainda 'arroz artificial'". "A origem do arroz importado pela indústria são os países do Mercosul (Uruguai, Argentina e Paraguai) e, eventualmente, o grão premium da Tailândia, por se aproximar mais da qualidade do arroz brasileiro", explica a entidade.