Em discurso em evento dos 70 anos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nesta segunda-feira (21), o ministro da Economia, Paulo Guedes, revelou a estratégia do governo Jair Bolsonaro (PL) para fazer a privatização da Petrobras a toque de caixa e tentar "se ver livre" da estatal - no jargão usado pelo presidente - antes mesmo das eleições de outubro.
Na declaração, Guedes diz que é preciso "dar um inventivo à classe política" para alinhar os "horizontes" políticos e de "transformação do Estado" e sinaliza o que está em estudo nos Ministérios da Economia e de Minas e Energia para a venda da Petrobras.
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"O que os políticos dizem para mim? Pô, ministro, o que a gente... Decidir vender uma empresa leva um ano. Ai depois passado o PPI, aprovado no Congresso mais um ano. Ai reduz a dívida e no terceiro ano vai baixar o juro e no quarto ano vai sobrar um dinheiro para fazer saúde, habitação... Ai já chegou a eleição. Ou seja: o horizonte político ele é curto. O horizonte nossa nessas transformações de estado é bem mais longo. Como é que eu dou um incentivo na classe política para alinhar esses dois horizontes?", indaga o ministro, antes de dar a solução.
"Vamos fazer o seguinte, vamos botar aqui no BNDES as ações da Eletrobras, que agora virou corporation e eu [União] só preciso ter 10% e na verdade eu tenho 30 e tantas [por cento]. Então, eu tenho sobrando um tanto de papéis da Petrobras que eu vou vender ao longo do tempo", disse.
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Após revelar a estratégia que está sendo realizada para o governo para privatizar a Eletrobras, Guedes diz que o mesmo método será usado para a venda da Petrobras.
"Se nós formos privatizar a Petrobras, também. Aliás, só de você falar que vai privatizar a Petrobras e fizer uma migração ao novo mercado, o valor dela sai de R$ 450 bilhões para R$ 750 bilhões. E a União tem mais de um terço e passa de R$ 150 bilhões para R$ 250 bilhões", diz o ministro, emendando que o dinheiro seria usado na criação de dois fundos: de "erradicação da pobreza" e de "reconstrução nacional".
Na noite desta segunda-feira (20) integrantes da ala bolsonarista no Congresso se reuniu na casa do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para debater as mudanças propostas por Guedes na Petrobras.
Uma das propostas é converter ações preferenciais da Petrobras em ordinárias, que podem ser vendidas no mercado de ações. Dessa forma, a União poderia se desfazer dessas ações e entregar a Petrobras ao mercado financeiro sem a necessidade de aprofundar o debate com a sociedade.
A base bolsonarista no Congresso receberiam como "incentivo" de Guedes a promessa de usar o dinheiro arrecadado com a venda da Petrobras e que iria para o "fundo de erradicação da pobreza" para dar continuidade ao Auxilio Brasil, programa assistencialista criado por Bolsonaro para substituir o Bolsa Família, que termina em 31 de dezembro de 2022.
Na palestra no BNDES, Guedes diz que está tentando fazer essa "percepção de equilíbrio temporal" ao impor as políticas neoliberais. "Ninguém aqui é sadomasoquista, ninguém gosta de sacrificar o povo brasileiro", afirmou.
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