A mais recente tentativa de Jair Bolsonaro (PL) de "abater a Petrobras", com ataques constantes à Política de Preços e o esforço concentrado para instalar uma CPI para "abrir a caixa-preta" da estatal, é a última cartada eleitoral do atual presidente para atrair o apoio da mídia liberal na disputa à reeleição - ou até mesmo ao golpe que trama em conjunto com uma parcela dos militares.
Assessores de Bolsonaro sabem que a privatização da Petrobras é pauta da mídia liberal, que desde os tempos de FHC, propaga de forma incessante o discurso de venda da estatal brasileira do petróleo.
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O próprio Bolsonaro sabe que esse establishment - usando uma palavra dos meios bolsonaristas - só permitiu que ele fosse eleito e levasse o fascismo ao Planalto após colocar Paulo Guedes, fundador do Instituto Millenium juntamente com a Globo, como fiador da política privatista. O recado, à época foi claro, leva a sua ignorância e seu autoritarismo ao Planalto, mas nos deixe cuidar das moedas.
A cobertura do Jornal Nacional sobre a guerra de interesses que envolve a renúncia de José Mauro Coelho da presidência da estatal deu o tom de como a mídia vai tratar a questão: sem dar um pio sobre a privatização da Petrobras.
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A análise do processo na reportagem anunciada por William Bonner ficou a cargo apenas de players do sistema financeiro, como Pedro Shinzato, consultor em gerenciamento de riscos na StoneX, e Rafael Schiozer, da Fundação Getúlio Vargas.
A Globo ignorou completamente que os ataques de Bolsonaro à Petrobras tem um propósito claro: atender o que foi prometido ao sistema financeiro e vender a estatal.
Nos principais jornais desta terça-feira (21) o tom se repete e a privatização à fórceps da estatal brasileira do petróleo, alvo de cobiça das empresas privadas, é ignorado.
Apenas uma nota sem grande destaque no Valor Econômico, do mesmo grupo Globo e porta-voz do "mercado", revela a estratégia do governo Bolsonaro de converter ações preferenciais da Petrobras em ordinárias - que podem ser vendidas nas bolsas de valores, para que a estatal seja vendida na surdina.
Bolsonaro sabe que, ao atacar a Petrobras, nutre os interesses da mídia privatista, a mesma que defende os negócios do sistema financeiro mundo afora e se blinda no processo eleitoral, e pode silenciar as críticas à sua reeleição.
Bolsonaro sabe também que a mídia neoliberal e o sistema financeiro topam tudo por dinheiro. Até mesmo dar um golpe militar - como a História mostra - ou trabalhar para manter um governo fascista e genocida no poder.