PETROBRAS

"Bolsonaro quer abater a Petrobras": Petroleiros reagem a possível CPI

Para a FUP, Jair Bolsonaro e Arthur Lira tentam destruir a imagem da estatal

Bolsonaro em evento em Manaus.Créditos: Foto: Clauber Cleber Caetano/PR
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A Federação Única dos Petroleiros (FUP) condenou as articulações do presidente Jair Bolsonaro (PL) com o centrão, capitaneado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. Para os petroleiros, o presidente pretende "abater" a estatal com essa CPI.

"Com sua política armamentista, Bolsonaro mira o alvo na Petrobrás, procurando culpados para abater a maior empresa do país. Seu arsenal foi engrossado agora com mais um elemento eleitoreiro de Bolsonaro, incentivado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira", diz a FUP em nota.

"A ameaça de CPI da Petrobrás é mais uma pauta bomba de Bolsonaro/ Lira, direcionada à empresa, com objetivo definido: criar narrativa mentirosa de que a Petrobrás é o problema. Trocas sucessivas de presidente e diretoria da Petrobrás fazem parte da mesma estratégia em busca de destruição da imagem da empresa”, destaca Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP).

A FUP aponta que Bolsonaro está em desespero político eleitoral e que insiste em culpar a Petrobrás pela escalada de preços dos combustíveis e, consequentemente, pela inflação galopante. A entidade destaca, no entanto, que o presidente poderia ter modificado a política de preço de paridade de importação (PPI), que reajusta preços com base na cotação internacional do petróleo, variação cambial e custos de importação, mesmo o Brasil sendo autossuficiente.

 “Se Bolsonaro quisesse, já teria mudado a política danosa do PPI. Ele teve mais de três anos para isso. O PPI não é lei, pode ser abolido com a orientação do presidente da República, da mesma forma como foi criado, em outubro de 2016, no governo Michel Temer, quando Pedro  Parente, indicado por Temer à presidência da estatal, junto com os também indicados conselho de administração e diretoria executiva da empresa, criaram o PPI”, acrescenta Bacelar.

Ele destaca ainda que o problema não é a Petrobrás. "O problema é a gestão da Petrobrás no governo Bolsonaro, quando a companhia deixou de ter função social para se render aos interesses exclusivos do mercado e dos acionistas, voltados para geração de lucros e dividendos recordes, garantidos pelo PPI", afirma.

Parlamentares de oposição vinham se colocando à disposição para participar de uma possível CPI e denunciar a responsabilidade de Bolsonaro na questão. Para o senador Jean Paul Prates (PT-RN), líder da Minoria no Senado, a proposta "foi uma tentativa de pressionar pela demissão de José Mauro Coelho da empresa".

"O Governo Federal propôs uma CPI. Se instalada, a oposição trabalhará para que ela demonstre os malfeitos desse governo na gestão da Petrobras que privilegia unicamente os acionistas e esquece do principal motivo de existência de uma empresa que é o consumidor. Resolver o problema dos preços dos combustíveis passa apenas por uma decisão política de valorizar o papel social da empresa em detrimento do exagerado lucro dos acionistas.  Já apresentamos diversas propostas como a Conta de Estabilização de combustíveis e o Imposto de Exportação. O governo escolheu se omitir. Em breve traremos ao Congresso mais projetos: o principal  pretende reforçar o controle social da Petrobras como previsto na Lei das Estatais, para que ela faça aquilo que foi criada para fazer: ser uma empresa pública, que pensa no povo Brasileiro", disse ainda.