COMBUSTÍVEIS

Como proposta do PT pode reduzir preço da gasolina e do gás de cozinha antes mesmo de Lula eleito

Projeto de lei que pode ser aprovado no Congresso prevê a redução de preços dos combustíveis em alguns meses; entenda

O senador Jean Paul Prates se reuniu com o ex-presidente Lula e a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, para debater sobre o PL dos Combustíveis.Créditos: Ricardo Stuckert
Escrito en ECONOMIA el

O Senado Federal vota nesta quarta-feira (23) os relatórios dos projetos de lei PL 1472/21 e PLP 11/20, os PLs dos CombustíveisEssas propostas podem impactar diretamente no preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha ainda no ano de 2022. 

Os dois projetos de lei são relatados pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN), que chegou a se reunir com o ex-presidente Lula (PT) em mais de uma ocasião para discutir o texto final que será apresentado ao Senado, estabeleceu a criação de um programa da estabilização do preço do petróleo e de derivados no Brasil e a ampliação do programa de vale-gás, criado após a aprovação de um projeto apresentado pela bancada do PT.

"Recebi com muita honra a aprovação do nosso presidente [Lula], a quem expliquei toda a nossa proposta antes de entregar o relatório final, e garanti que nosso trabalho continuará como sempre: firme, forte e compromissado na resolução dos problemas reais que afetam o povo brasileiro", disse Jean Paul em suas redes sociais nesta quarta-feira (23). Lula é pré-candidato à presidência nas eleições de 2022.

Entenda com os projetos podem reduzir o preço dos combustíveis

No texto final do PL 1472/21, apresentado por Rogério Carvalho (PT-SE), é onde aparecem os impactos mais expressivos. No relatório de Jean Paul fica estabelecida a criação da Conta de Estabilização de Preços de Combustíveis (CEP-Combustíveis). A proposta tem como finalidade reduzir o impacto da volatilidade dos preços de derivados de petróleo e de gás natural para o consumidor final, barateando os preços de combustíveis e do gás de cozinha em todo território nacional. Esse programa utilizará o sistema de bandas - uma espécie de “poupança” - como ferramenta de estabilização de preços.

Segundo o relator, as mudanças legais partem da premissa de que um país produtor e exportador de petróleo, como o Brasil, deve se beneficiar desse privilégio. Assim, pelo projeto, os preços internos praticados por produtores e importadores de derivados do petróleo e GLP, inclusive derivados de gás natural, deverão ter como referência as cotações médias do mercado internacional, os custos internos de produção e os custos de importação, se aplicáveis.

A CEP - Combustíveis é uma ferramenta que está sendo entregue ao governo e depende da ação de Bolsonaro para resultar no benefício para o consumidor. Com um aporte de R$ 25 bilhões este ano, o senador calcula que seria possível reduzir o preço da gasolina e do óleo diesel em cinquenta centavos na refinaria, o que poderia resultar em até R$ 1,50 de redução na bomba. Para o gás de cozinha, o cálculo é de uma redução de R$ 10 a 15 para o consumidor final.  A expectativa do relator é de que o impacto positivo seja sentido em poucos meses.

“Quando o preço do petróleo disparar lá fora, o governo terá essa conta de compensação para proporcionar um preço mais ameno para o consumidor interno do que o preço lá de fora, que é afetado por guerras, atentados terroristas, eventos climáticos etc.”, explicou o senador.

A proposta não é vista com bons olhos pelo ministro da Economia, o neoliberal Paulo Guedes, que pretende manter a política atual, que não estabelece regulação nos preços e se baseia apenas no mercado internacional.

Fim da política de Temer na Petrobras?

Essa nova orientação faz um contraponto à política de preço de paridade de importação (PPI) adotada pela diretoria da Petrobras desde o governo Michel Temer (MDB). Jean Paul é crítico ferrenho da PPI. “A atual metodologia de PPI, que teoricamente repassa automaticamente para os consumidores a elevação dos preços do petróleo e a desvalorização cambial, é uma guilhotina que, com frequência quase mensal, corta o orçamento das famílias e a receita de trabalhadores autônomos de transporte de carga e de passageiros”, disparou.

Já no PLP 11, apresentado pelo deputado Emanuel Pinheiro Neto (PTB-MT), o senador apresentou um relatório complementar ao primeiro, onde estabeleceu uma alíquota fixa para o ICMS que incide nos combustíveis em cada estado e município. Além disso, Jean Paul definiu a ampliação do Auxílio Gás, ou Vale-Gás, para o dobro de beneficiários. De acordo com a proposta do relator, o número de atendidos vai passar de 5,5 milhões para 11 milhões.

Preço de combustíveis subiu cinco vezes mais que inflação no governo Bolsonaro, diz Dieese

preço dos combustíveis explodiu no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), empurrado pela desastrosa política de Preço de Paridade de Importação (PPI) da Petrobras - adotada desde o governo Michel Temer (MDB). Diante da inércia do governo, coube ao Congresso, através de parlamentares de oposição, se mobilizar pra derrubar a PPI e criar o programa de amortização do preço dos combustíveis relatado por Jean Paul.

Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), desde janeiro de 2019, início da gestão Bolsonaro, a gasolina teve um reajuste de 116% na refinaria. Isso representa cinco vezes a inflação, de 20,6% no período. No gás de cozinha, a alta foi de 100,1%, e no diesel, de 95,5%, de acordo com dados da Petrobras.

Os aumentos nas refinarias repercutem no bolso do consumidor. Segundo o Dieese, desde janeiro de 2019, o preço da gasolina subiu 52,8% nos postos de revenda, o diesel, 63,6%, e o GLP, 47,8%, muito acima também do reajuste do salário mínimo, de 21,4% no período. O levantamento foi feito com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).