EDUCAÇÃO SEXUAL

Deputado bolsonarista quer proibir educação sexual nas escolas

Apelidado de "Gordinho do Bolsonaro", autor de proposta escreve que temática pode ser 'inadequada"

Rodolfo Nogueira se elegeu como um dos dois deputados do PL-MS.Créditos: Reprodução/Câmara dos Deputados
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O deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS) apresentou um projeto de lei (PL) com o objetivo de proibir a educação sexual nas escolas de educação básica. O parlamentar enviou o PL 4.844/23 no dia 4 de outubro e aguarda despacho do Presidente da Câmara dos Deputados, o deputado Arthur Lira (PP-AL).

Nogueira foi eleito na esteira do bolsonarismo nas eleições gerais de 2022, quando se autodenominou "Gordinho do Bolsonaro", em alusão ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), da mesma sigla. Presidente regional do partido no estado do Mato Grosso do Sul e produtor rural em Bela Vista, o deputado conseguiu 41.773 votos no pleito. 

O que diz o PL?

O projeto de lei apresentado por Rodolfo Nogueira dispõe sobre a proibição da educação sexual nas escolas de educação básica, cuja configuração abrange a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Entre as proibições, estão inclusas atividades de ensino, orientação ou informação que tratem de temas relacionados à sexualidade.

O documento elaborado pelo deputado compreende a sexualidade em suas diferentes áreas:

  • Aspectos biológicos: o desenvolvimento do corpo e das funções sexuais;
  • Aspectos psicológicos: as emoções e os sentimentos relacionados à sexualidade;
  • Aspectos sociais: as relações interpessoais e os papéis de gênero;
  • Aspectos éticos: os valores e os direitos relacionados à sexualidade.

De acordo com o parecer do congressista, a proposta "surge como um reflexo do nosso compromisso com o respeito às convicções individuais e familiares". Ele aponta a família como protagonista na educação sexual das crianças, sob a justificativa do direito das famílias de educar os filhos conforme suas convicções.

Os pais e responsáveis estão em melhor posição para abordar esse assunto de forma adequada, respeitando os valores e crenças da família.

Nogueira propõe a proibição integral de aulas de educação sexual, mesmo sob consentimento dos pais ou responsáveis legais. Segundo o documento, "a educação sexual ministrada nas escolas pode ser inadequada para algumas famílias, pois pode conflitar com seus valores e crenças".

A educação sexual nas escolas brasileiras

Em 26 de julho, o Ministério da Saúde anunciou o retorno da educação sexual nas escolas brasileiras. A iniciativa do Programa Saúde na Escola (PSE) – iniciada em 2007 em parceria com o Ministério da Educação – estabelece que os estudantes do ensino básico terão aulas sobre saúde sexual e reprodutiva e prevenção de HIV/IST. O projeto conta com investimento de R$ 90,3 milhões, que serão distribuídos às cidades brasileiras. 

Ao todo, 99% dos municípios são a favor da nova medida. O Ministério da Saúde espera atender mais de 25 milhões de crianças e adolescentes com o Programa Saúde na Escola (PSE). O programa também incluirá atividades de prevenção de violências e acidentes, promoção da cultura de paz, direitos humanos e saúde mental.

Em nota, a Saúde afirma que os assuntos foram reduzidos à saúde de um modo geral. “Nos últimos anos, os indicadores do programa foram reduzidos apenas a pautas sobre alimentação saudável, prevenção de obesidade e promoção da atividade física. Com a retomada do PSE, todas as temáticas previstas poderão ser desenvolvidas”. Durante o governo de Jair Bolsonaro, o tema da educação sexual foi deixado de lado.