SAÚDE E EDUCAÇÃO

Entenda por que educação sexual nas escolas é retomada pelo governo

Retorno do ensino volta a ser prioridade através do Programa Saúde na Escola (PSE)

O projeto conta com investimento de R$ 90,3 milhões.Créditos: Pixabay
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O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (26) que os estudantes do ensino básico vão voltar a ter aulas sobre saúde sexual e reprodutiva e prevenção de HIV/IST. 

A iniciativa faz parte do Programa Saúde na Escola (PSE), uma política iniciada em 2007 em parceria com a Educação. De acordo com o ministério, as equipes e recursos para aquisição de materiais serão distribuídos aos municípios que aderiram ao programa.

Quantos alunos serão atendidos e o que será abordado?

Ao todo, 99% dos municípios são a favor da nova medida. O Ministério da Saúde espera atender mais de 25 milhões de crianças e adolescentes com o Programa Saúde na Escola (PSE). Além de aulas sobre saúde sexual e reprodutiva e prevenção de HIV/IST, o programa também incluirá atividades de prevenção de violências e acidentes,  promoção da cultura de paz, direitos humanos e saúde mental.

Em nota, a Saúde afirma que os assuntos foram reduzidos à saúde de um modo geral. “Nos últimos anos, os indicadores do programa foram reduzidos apenas a pautas sobre alimentação saudável, prevenção de obesidade e promoção da atividade física. Com a retomada do PSE, todas as temáticas previstas poderão ser desenvolvidas”.

O projeto conta com investimento de R$ 90,3 milhões, que serão distribuídos às cidades brasileiras. A retomada da política de educação sexual nas escolas é fundamental na prevenção de casos de abuso sexual e gravidez na infância ou adolescência, de acordo com a psicóloga e sexóloga Alessandra Araújo. Segundo ela, maior é a possibilidade da criança enfrentar situações traumáticas quanto menos informação ela tem sobre a vida sexual.

Alessandra ressalta que a medida é essencial no combate aos abusos dentro do ambiente familiar. “Hoje, 95% dos casos de abuso sexual acontecem dentro do contexto familiar. São tios, avós e padrastos. Explicar para a criança sobre o próprio corpo, sobre as partes genitais, quem pode manipulá-las e de que forma, faz a criança estar alerta a possíveis abusos”, diz.

“Hoje, 95% dos casos de abuso sexual acontecem dentro do contexto familiar. São tios, avós e padrastos. Explicar para a criança sobre o próprio corpo, sobre as partes genitais, quem pode manipulá-las e de que forma, faz a criança estar alerta a possíveis abusos”

Os conteúdos abordados incluem anatomia, fisiologia e habilidades de diálogo. Essa é uma ferramenta importante para combater a gravidez precoce e os abusos sexuais. Nesse sentido, os professores estarão cientes do processo cognitivo das crianças e adolescentes e saberão o que eles são capazes de receber e entender.

Durante o governo de Jair Bolsonaro, o tema da educação sexual foi deixado de lado. Na opinião do ginecologista e presidente da SBRA, Alvaro Ceschin, ainda existe um tabu que leva as pessoas a acreditarem que a educação sexual é apenas ensinar os estudantes sobre relações sexuais.

Ceschin analisa que é importante desmistificar a educação sexual, pois ela envolve ensinar sobre o ciclo menstrual, as mudanças hormonais, os aparelhos reprodutores feminino e masculino, a gravidez e os métodos anticoncepcionais. Na sua visão, é na adolescência que muitas pessoas começam a ter práticas sexuais, e é importante que os jovens compreendam corretamente, por exemplo, que eles podem transmitir ou contrair doenças sexualmente transmissíveis.

*Com informações de O Globo