Pesquisadores da Universidade de Trnava, na Eslováquia, afirmam ter descoberto, na região em que foi construída a histórica Mansão de Rusovce, localizada perto de Bratislava, a capital eslovaca — quase na fronteira com Áustria e Hungria —, um aqueduto romano subterrâneo feito de pedra, provavelmente usado para o transporte de água que seguia em direção a uma antiga casa de banhos de que já não se tem registros na construção.
Construída em torno de 1800 no antigo local de uma casa senhorial do século 16, a mansão de Rusovce já havia sido alvo, em 2018, de uma outra escavação, que revelou as fundações originais de um outro castelo do século 13 na mesma região em que a propriedade havia sido erguida. Além disso, foram encontrados, no local da construção, antigas estruturas que datavam da Idade do Ferro [1200 a.C. - 550 a.C.] e do período de ocupação romana na cidade.
Te podría interesar
Agora, uma nova iniciativa de escavações recentes revelou mais detalhes dos reminiscentes romanos do sítio, no subsolo da construção: a presença de um canal artificial, construído com pedra e tégula — telhas típicas de construções gregas e romanas, comuns também na Idade Média, cuja composição usava barro, cimento ou agregados —, com cerca de 38 metros de comprimento já revelados e 30 centímetros de largura.
Leia também: A fascinante descoberta de canais de irrigação do primeiro milênio a.C. na Mesopotâmia | Revista Fórum
Te podría interesar
Esses aquedutos eram construídos para transportar água fresca para áreas urbanas usando apenas a força da gravidade, conta a revista Smithsonian, e são típicos da arquitetura proveniente do Império Romano. Eles vão em direção à mansão, onde provavelmente havia uma casa de banho construída pelos romanos, apesar de sua estrutura ter sido demolida para a construção do castelo e de não haver reminiscentes para estudo.
"Apesar de a maior parte da Eslováquia moderna nunca ter estado sob o controle romano, a parte sudoeste do país, incluindo Bratislava, já foi parte da província romana da Panônia", conta a revista.
A Panônia foi uma província do Império Romano que se limitava a norte e a leste pelo Danúbio, na fronteira com a Itália (ao norte) e com a Dalmácia (ao sul). Partes de seu território hoje compõem a porção ocidental da Eslováquia.
Os panônios eram povos formados por tribos indo-europeias, que foram atacadas, em cerca de 35 a.C., por Augusto, o fundador do Império Romano, que então conquistou a região e a incorporou à província de Ilírico.
De acordo com os pesquisadores, o aqueduto descoberto ali era similar a outras construções de campos militares dos romanos já escavados em regiões da Áustria, mas é o primeiro desses registros já feito na Eslováquia.
Um dos tijolos de tégula encontrados na construção levava a estampa de seu produtor, "C VAL CONST KAR", provavelmente correspondente a um produtor de tijolos do século 2 chamado Gaius Valerius Constans, conta o pesquisador Erik Hrnciarik, que participou dos estudos.
Em outro dos tijolos, havia uma marca de pata de cachorro, que provavelmente passou correndo por ali antes da secagem do barro sob o sol e deixou sua pequena pata gravada no material.
Além das passagens, os pesquisadores também afirmam ter descoberto, no sítio de escavação da mansão, restos de cerâmicas raras de luxo e itens de assentamentos da Idade do Ferro, como restos de vidros de uma janela, uma pulseira de prata e uma cadeira antiga.