De acordo com um comunicado da embaixada da Holanda, publicado nesta quarta-feira (19), os Países Baixos devem devolver à Nigéria 119 esculturas de bronze que haviam sido roubadas por soldados britânicos em 1897, durante um ataque ao Reino de Benim (ou Império Edo), um estado africano pré-colonial situado no que hoje é o sudoeste nigeriano.
A devolução vem junto ao reconhecimento "incondicional" de que os Bronzes de Benim foram saqueados da Nigéria durante o ataque à Cidade de Benim, em 1897, e "nunca deveriam ter acabado na Holanda", afirma o comunicado.
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Os Bronzes de Benim são uma coleção composta por milhares de esculturas e placas de bronze, latão e marfim, criadas entre os séculos 13 e 19. Desde que foram saqueadas, tornaram-se um símbolo do debate sobre a repatriação da arte africana e a retomada da identidade e dos símbolos culturais da nação, colonizada pelo Reino Unido até 1960, quando se tornou independente.
A Nigéria era permeada por civilizações antigas e poderosas, como foram o Reino de Benim, o Califado de Socoto (que durou até 1906) e o Reino de Kanem-Bornu (que existiu entre os séculos 14 e 19).
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Os Bronzes produzidos no Reino de Benim, usados para decorar o Palácio Real do Oba, contam a história dos vários governantes e da sociedade do império, e têm variadas funções: de homenagens a líderes ancestrais a registro histórico de eventos importantes e da vida de guerreiros, da nobreza e dos deuses.
Em 1897, tropas britânicas invadiram e destruíram o Reino de Benim como parte de uma expedição de punição. O Palácio Real foi saqueado, e diversos Bronzes foram levados à Europa e doados a museus e colecionadores.
Em 2022, a Alemanha anunciou a devolução de algumas das peças; e, no ano anterior, o Metropolitan Museum of Art, de Nova York, enviou ao Museu Edo, da Cidade de Benim, as peças que costumava guardar em sua coleção.
Agora, a Holanda se torna o país com a iniciativa mais recente de devolução dessas peças, que estão espalhadas pelo mundo ocidental, ao seu lugar de origem.
No X, a conta oficial da embaixada holandesa na Nigéria descreveu o evento de devolução dos artefatos como "um marco importante" para as relações culturais entre os países.