Um novo oceano está "surgindo" progressivamente na África, com o afastamento de três placas tectônicas: a Placa Africana (Núbia), a Placa Africana Somali e a Placa Árabe.
Essas três placas convergem no Triângulo de Afar (ou Depressão de Afar), no Chifre da África, uma das regiões mais geologicamente ativas do planeta.
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Além de abrigar vários vulcões ativos (como o Erta Ale, famoso por seu lago de lava permanente), a Depressão de Afar é um "rifte tectônico", em que a crosta terrestre está "se abrindo" a partir da interação e do afastamento das placas tectônicas (acredita-se que as placas arábica e africana se distanciem 2,5 centímetros todos os anos, e as outras podem afastar-se até meio centímetro).
Por isso, novos lagos são formados, com as frequentes atividades vulcânicas e tectônicas no Vale do Rift, e um oceano inteiramente novo vai eventualmente despontar na superfície. Geólogos preveem que esse novo oceano deve transformar a porção da África Oriental num "pequeno continente separado", com "características ecológicas únicas", afirma a revista Down to Earth. O novo "Oceano Africano", que ainda não tem um nome oficial, deve abrir caminho para países atualmente sem litoral, como a Uganda e a Zâmbia.
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Com o novo oceano, aparecerão novos lagos e rios, e novos ecossistemas tenderão a se formar, afirmam os cientistas.
Mas é um fenômeno, como todos aqueles que modificam características geológica da Terra, extremamente demorado, que deve ocorrer daqui a 5 ou 10 milhões de anos, dizem os cientistas.
Em 2005, uma enorme rachadura avistada na região de Afar, no deserto da Etiópia, levantou as suspeitas de que esse novo oceano estaria em formação: a longa rachadura, que se estendia por mais de 60 quilômetros, mostrava que o continente africano estava "se movendo", separando suas porções de terra lentamente, até que, um dia, seja formado por vários territórios menores.
Aliás, o continente nunca deixou de se mover: esse é um processo geológico em andamento há mais de 180 milhões de anos, quando o supercontinente Pangeia começou a se dividir em dois grandes blocos: a Laurásia, que viriam a se tornar a América do Norte, a Europa e a Ásia; e Gondwana, que se tornaria América do Sul, África, Antártica, Austrália e Índia.
Durante o Cretáceo, há cerca de 130 milhões de anos, Gondwana continuou a se fragmentar, e a África e a América do Sul, que estavam unidas, começaram a se afastar à medida que se formava o Oceano Atlântico Sul.
As atividades do Vale do Rift, no leste da África, na região de mais de seis mil quilômetros entre o Mar Vermelho e Moçambique, agora põem em curso um movimento similar, e um novo oceano está a caminho.