De acordo com um estudo publicado no Brazilian Journal of Psychiatry, que analisou 54 pessoas identificadas como médiuns e comparou-as a 53 de seus parentes de primeiro grau considerados "comuns", há algumas diferenças genéticas entre os considerados médiuns e os não-médiuns.
A pesquisa foi coordenada por Wagner Farid Gattaz, professor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), e selecionou participantes considerados médiuns pela variabilidade positiva no acerto de suas predições e por exercerem seus "dotes" sem cobrar por isso.
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O estudo revelou que há diferenças sobretudo nos sistemas imune e inflamatório de pessoas consideradas médiuns em relação àquelas de natureza "comum": foram encontradas cerca de 16 mil variantes genéticas, que podem impactar a função de até 7.269 genes e diferenciam, "de dentro para fora", as pessoas que exercem a mediunidade.
Dentre os genes avaliados pelo estudo, pelo menos 33 demonstraram alteração em cerca de um terço dos médiuns — mas não em seus parentes.
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Um desses genes, MUC19, foi o mais prevalente entre os médiuns (presente em até 87,04% da amostra), e está relacionado ao funcionamento da glândula pineal.
Essa glândula, por sua vez, é frequentemente associada à ocorrência de "experiências espirituais", por sua posição na parte central do encéfalo, e é considerada uma espécie de "terceiro olho" da mente. Ela é a responsável, também, por secretar melatonina, o hormônio que regula o sono, naturalmente produzido pelo corpo.
Outros genes com alteração frequente apontados pelo estudo estão associados à proteção de mucosas e a alterações da via inflamatória do organismo. Até 43,9% dos genes dos médiuns estavam relacionados a alterações de tipo inflamatório.
Além disso, alguns genes relacionados ao sistema sensorial, como o olfato e o paladar, demonstraram estar mais presentes nos médiuns, o que pode indicar uma "percepção sensorial" diferente.
De acordo com os pesquisadores, essas distinções nos organismos dos médiuns, avistadas nas suas variantes genéticas, podem significar uma forma distinta de perceber o mundo e de processar informações do ambiente — isto é, a mediunidade se pareceria mais com perceber aspectos da realidade que talvez passem despercebidos às outras pessoas.
A hipótese levantada pelo estudo é a de que o cérebro dos médiuns funciona a partir de um "filtro" menos restritivo às informações.