Foram décadas de luta. E o sonho do diretor teatral José Celso Martinez Corrêa finalmente se transforma em realidade. O enorme terreno, de propriedade de Silvio Santos, onde está localizado o teatro Oficina, na Zona Central de São Paulo, finalmente teve a sua desapropriação consensual assinada, na manhã desta sexta-feira (6), pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Foi passada, enfim, a escritura do terreno do Grupo Silvio Santos para a Prefeitura de São Paulo.
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Em uma disputa incansável que ocupou boa parte de sua vida, Zé Celso, que morreu aos 86 anos, vítima de um incêndio em seu apartamento, teve seu retrato erguido por integrantes do Teatro Oficina Uzina Uzona, que aplaudiam, dançavam e cantavam: “minha arte é imortal”.
Crédito do vídeo; Júlio Costa Barros
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Previsão de entrega
Uma parte do recurso de um devedor da prefeitura, R$ 65 milhões, foi destinado para a aquisição do terreno. A secretaria do verde e do Meio Ambiente fará agora um concurso para o projeto do parque, que deverá ser lançado até o final do mês. A previsão é que o parque seja entregue para a população até o final do ano que vem.
A negociação
Silvio Santos antes queria R$ 80 milhões pelo terreno de 11 mil metros quadrados. Mas após uma análise da Procuradoria-Geral do Município, chegou-se à cifra de R$ 64 milhões.
“O Grupo Silvio Santos e seus acionistas, ainda que não tenham alcançado o valor inicialmente pretendido devido aos critérios técnicos que precisariam ser observados, acreditam ser a decisão correta, pois permitirá à população que nele reside ter mais uma opção de lazer”, disse uma nota oficial do grupo assinada por seu presidente, José Roberto Maciel.
Ao longo das últimas décadas, Ze celso foi o protagonista de uma série de apelos ao poder público e ao próprio Silvio Santos sobre a importância de se criar um parque ali. Mas jamais chegou próximo a isso em vida.
Shopping
No começo do século XXI, foi aprovado um projeto que pretendia construir um shopping no terreno. Depois, foi o próprio Silvio Santos quem quis construir um condomínio de três prédios. Foram muitas disputas judiciais e de opinião pública até que a proposta do Parque do Bixiga fosse enviada à Câmara de Vereadores pelo Executivo municipal e pudesse começar a andar.
Silvio Santos chegou a ser tão intransigente em relação à ideia que, em reunião com Zé Celso em outubro de 2017, cujas imagens só vazaram para a imprensa em julho do ano passado, ameaçou armar um conluio com a prefeitura de João Dória para levar a cracolândia ao local a fim de enterrar quaisquer possibilidades da construção de um parque. Eduardo Suplicy e o então prefeito estavam presentes.
Zé Celso argumentava que Silvio poderia lhe doar o terreno e que isto não lhe faria falta às finanças. Paralelamente, ele seria lembrado como um benfeitor da cidade, que proporcionou a existência de um importante equipamento cultural. Mas Silvio Santos não queria nem saber.
“Meu secretário deu uma boa ideia, a gente coloca lá a ‘drogalândia’, como é que é, a cracolândia, e o drogado que mais se destacar no dia ganha um prêmio”, afirmou.
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